Gabriel de Morais Coutinho, professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) desde 2017, tem graduação e mestrado em Matemática e caminhou em direção às áreas de pesquisa que fazem interface entre a Matemática e a Computação. Assim, fez o doutorado em Combinatória e Otimização. A vinda para o DCC foi casual, mas culminou com o interesse que tinha em aplicações da área de estudo ao mundo real, que estão mais próximas da Computação do que da Matemática. Às vezes, Gabriel ainda se ver como um matemático, principalmente quando precisa programar algo.
Segundo Gabriel, quando chegou ao DCC/UFMG foi surpreendido positivamente. “Me surpreendi como um Departamento com tantos docentes, tantos projetos e tantos sucessos acadêmicos é tão harmonioso. Acho que há uma cultura muito boa no DCC de saber resolver os conflitos de modo civilizado e lutarei muito pela manutenção dessa cultura nos próximos muitos anos que estarei aqui. Felizmente é um Departamento cujo espírito geral dos docentes e funcionários é pelo trabalho e pela produção”, afirmou.
Sempre de alto astral, o professor adora jogar futebol com os amigos, mas este ano, devido a uma contusão, não pode jogar bola. Também é um ótimo churrasqueiro e adora cozinhar, principalmente quando tem que usar a criatividade e inventar um prato com as sobras da geladeira. Se orgulha dos três títulos no torneio de futsal do DCC/UFMG e do vice no torneio de servidores da UFMG, além da coleção de medalhas da época do doutorado. Solteiro, Gabriel tem 33 anos e, como ele mesmo diz, com corpinho de 29. “Gosto do esporte mais bonito: a peladinha de lei. Como este ano estou no Departamento Médico, tenho focado em acender uns braseiros e amolar as facas. Também gosto de inventar receitas de última hora com o que tem na geladeira. E em 2022 comi o primeiro tomate que plantei”, contou orgulhoso.
Em breves palavras, mas profundas, o professor Flavio Vinicius Diniz de Figueiredo resumiu o que acha do professor Gabriel. “É o segundo melhor professor do Departamento (risos) e, como amigo, se tivesse um irmão em Belo Horizonte, com certeza seria ele”, disse. Já para o professor Mário Sérgio Alvim, Gabriel é um professor de atuação muito forte no DCC/UFMG. “Ele participa ativamente de vários projetos de pesquisa e extensão, assume responsabilidades administrativas variadas e tem o maior ânimo que já vi para criar disciplinas optativas diferentes! É uma das pessoas que mais contribuíram para fortalecer a parte formal e matemática na formação de nossos alunos nos últimos anos, e, pelos testemunhos que ouço, vários estudantes reconhecem isso. Outra qualidade que admiro nele é o empenho e dedicação a tudo. Quando pega algo para fazer, tem orgulho de fazer bem feito. Como ambos somos membros do Laboratório de Teoria, o T-REX, posso observar o bom relacionamento que mantém com seus orientados de todos os níveis, da graduação ao pós-doutorado, sempre com dedicação e respeito. Além disso, é excelente companhia para um boteco ou churrasco e se enturma bem como todo mundo. Se tivesse que sugerir uma mudança, entretanto, começaria pedindo pra ser menos aventureiro quando tenta nos introduzir a pratos culinários novos!”, contou sorrindo.
Em um bate-papo divertido com a Comunicação do DCC/UFMG, Gabriel contou mais sobre suas inspirações enquanto estudante, como pesquisador, como vê os alunos e algumas coisinhas mais.
Qual foi o maior desafio, incentivo e inspiração enquanto estudante, desde a graduação? (ou quais)
O maior desafio foi aprender a encontrar os meus teoremas, durante o doutorado. O maior incentivo certamente foi apreciar como os meus professores e o meu orientador do doutorado pareciam ter carreiras felizes. E minha maior inspiração foram meus pais, que são professores universitários.
O que mais te marcou durante o período de estudante?
O dia em que fiz a última prova na última disciplina do doutorado. Nesse dia tomei uma cerveja boa mesmo (risos).
O que o motivou a ser professor?
O apreço pela Matemática sempre me motivou a seguir uma carreira de pesquisa na área. Como sempre tive alguma facilidade natural em explicar coisas, acho que a motivação para ser professor veio junto.
O que te inspira como professor?
Especificamente no que tange o ensino ou a orientação, o que mais me inspira é sem dúvida ver o sucesso dos alunos ou dos orientandos.
Como você se define como professor?
A corda tem que estar sempre esticada. Especificamente para os meus orientandos, acredito que eles precisam ter a liberdade de escolher os seus caminhos.
O que você ensina no DCC/UFMG, e como você o faz?”
Nas obrigatórias da graduação, Matemática Discreta (já faz um tempo) e Pesquisa Operacional. Na pós, Projeto e Análise de Algoritmos. Mas eu gosto mesmo é de disciplinas optativas e de preparar uma nova disciplina cada vez que tenho a chance. Acho importante que os alunos me vejam escrever coisas no quadro durante as aulas, para que o processo de descoberta seja compartilhado.
Por que decidiu ir para a área de pesquisa e não para o mercado de trabalho?
Porque suspeito que tenho mais tempo livre para pensar e mais liberdade para estudar o que gosto na academia, e ainda não encontrei dinheiro suficiente no mercado que valha a pena abrir mão dessas coisas.
O que o inspira em suas pesquisas?
Descobrir novos teoremas. É emocionante, surreal mesmo.
Qual o maior objetivo das suas pesquisas?
Desvendar conexões entre combinatória, álgebra e física quântica.
No geral, qual o impacto das suas pesquisas no dia a dia das pessoas?
Aí você me pegou. Vindo da matemática pura, os principais objetos da minha pesquisa estão um pouco distantes do dia a dia de qualquer pessoa. Talvez em 2400 apareça alguma aplicação prática bem boa. Mas eu contorno essa dissociação procurando atuar em projetos de extensão que permitam trazer aplicabilidade para o mundo real das coisas, que eu estudo e entendo, só não exatamente das que eu pesquiso.
Qual o maior desafio (ou quais os maiores desafios) que encontra para realizar as pesquisas?
Nessa eu aposto que todos nós seremos uníssonos: falta de recursos financeiros para financiar projetos em compras de equipamentos ou viagens, e também para os alunos, que possuem bolsas de IC ou de pós com valores muito abaixo do que deveria.
O que em sua opinião não pode faltar em um pesquisador? Por que?
Persistência e disciplina (mais do que inteligência). Conheci muitos colegas na minha carreira que eram brilhantes, rápidos e inteligentes, mas que tiveram menos sucesso do que os colegas de Laboratório que tinham mais disciplina. Procuro diariamente educar minha mente para seguir neste caminho.
Como vê os alunos do DCC?
Muito bons. Conheci em poucos anos muitos alunos muito bons, mais do que eu esperava. Tive e tenho o privilégio de orientar alguns deles, e acho que isso me motiva muito a continuar pesquisando.
O que não pode faltar em um aluno do DCC? Seja aquele que deseja ingressar na pesquisa ou no mercado de trabalho.
Ética profissional e honestidade consigo próprio. Se perguntar todo dia o que quer e ir atrás