Com o objetivo de realizar uma auditoria independente das propagandas que ocorrem em anúncios políticos no Facebook, foi lançado nesta semana o projeto CampanhaSemFake. O projeto é uma parceria entre os pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) e o Laboratório de Informática de Grenoble (LIGLAB), na França. Com o monitoramento, será possível identificar irregularidades como a divulgação de desinformação, interferência externa nas eleições deste ano no Brasil, ou apontar a organização de eventos antidemocráticos, dentre outras anormalidades.
Outro objetivo do projeto é checar se o Facebook está enviando de forma devida todas as propagandas relacionadas ao contexto político do Brasil para a biblioteca pública de propagandas. Para ajudar o projeto, voluntários precisam instalar um plugin no Chrome e acessar o Facebook através de um computador. As propagandas visualizadas por voluntários serão enviadas para uma base de dados de forma anônima. “A ideia é coletar propagandas de voluntários dispostos a compartilhar com nosso grupo de pesquisa as propagandas e notícias recebidas em suas linhas do tempo de forma que nosso grupo possa investigar problemas como: 1) Tentativas de interferência por parte de grupos estrangeiros nas eleições através de propagandas; 2) Envio de propagandas irregulares por parte de candidatos e partidos (ex. propaganda eleitoral antecipada, propaganda eleitoral de pessoas que não são os próprios candidatos ou partidos); 3) Ataques à democracia e ao processo eleitoral; 4) Divulgação de desinformação através de anúncios. Nosso grupo pretende não só investigar esses e outros potenciais problemas que podem surgir através do uso de ferramentas de propaganda para fins políticos, mas também investigar qual o papel que algoritmos de plataformas digitais possuem na disseminação de informação de baixa credibilidade”. explicou o professor do DCC/UFMG, um dos responsáveis pela pesquisa, Fabrício Benevenuto de Souza.
Para que o projeto alcance os resultados e o monitoramento seja feito, é necessário que voluntários instalem o CampanhaSemFake, uma extensão de navegador (plugin) que envia informações sobre as propagandas que o usuário recebe no feed ou postagens de sites de notícias. De acordo com Benevetuno, a transferência de dados é anônima e não há coleta de nomes ou qualquer outra informação de identificação. “O plugin é de código aberto para os participantes possam constatar que nenhum dado além dos referidos nos termos de privacidade será coletado. Além disso, o CampanhaSemFake também oferece para o usuário dados estatísticos a respeito das publicações de notícias que aparecem em seu feed, permitindo um melhor entendimento de como as empresas buscam anunciar”, descreveu.
Também de acordo com o professor, a coleta de dados segue o Regulamento Geral sobre Proteção de Dados Europeu (GPDR), que está em consonância com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais Brasileira (LGPD). “Nosso maior objetivo é verificar se as plataformas on-line agem de maneira responsável, se os candidatos e partidos estão realizando campanhas políticas através de anúncios da forma correta e se não há nenhuma tentativa de manipulação de opinião por parte de anunciantes poderosos ou grupos estrangeiro”, esclareceu.
Para participar, o voluntário deve acessar o link para o projeto CampanhaSemFake.
Este tema já teve repercussão na mídia, saindo no Jornal O Globo e na TV Cultura.