Levantamento feito pelo projeto do DCC/UFMG “Eleições Sem Fake” repercute na mídia

Desde a eleição de 2018, o grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG, coordenado pelo professor Fabrício Benevenuto de Souza, por meio do projeto Eleições Sem Fake, vem desenvolvendo soluções para trazer transparências para o espaço midiático, principalmente no ambiente on-line. Algumas delas ainda estão funcionando e se mostraram soluções eficientes, como o Monitor do WhatsApp, que foi utilizado por diversos jornalistas.

Para a eleição de 2022, a equipe vem trabalhando tanto com o Monitor do WhatsApp quanto com o Monitor do Telegram, sendo que mais recentemente lançou o Monitor de Anúncios no Facebook, que faz parte da “CampanhaSemFake”. 

Dados recentes obtidos pelo monitor do WhatsApp, indicaram um crescimento de 290% na última semana de julho em comparação com mesmo período em junho na circulação de mensagens com menções ao 7 de Setembro. Tal dado instigou os jornalistas, o que culminou em matérias na mídia. Abaixo a matéria da Patrícia Campos Mello, veiculada no dia 9 de agosto na Folha de São Paulo:

Convocações golpistas para o 7 de Setembro explodem em grupos de mensagens

FOLHA ONLINE / SP – ELEIÇÕES 2022. Ter, 9 de Agosto de 2022/UFMG

Patrícia Campos Mello

A circulação de mensagens com menções ao 7 de Setembro em grupos de WhatsApp explodiu na última semana de julho, com crescimento de 290% em comparação com o mesmo período de junho, aponta levantamento do Monitor de WhatsApp da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Segundo a sondagem, feita a pedido da Folha , as mensagens mais compartilhadas citam convocações do presidente Jair Bolsonaro (PL) a apoiadores e têm cunho golpista , com referências à intervenção militar e destituição de juízes do Supremo Tribunal Federal e afirmações falsas sobre as urnas eletrônicas .

Dentre os mil grupos públicos de WhatsApp monitorados pela UFMG, 469 enviaram mensagens relacionadas ao 7 de Setembro entre 1º de junho e 1º de agosto. Foram 4.184 mensagens, 69% das quais circularam em grupos de direita, 25,9% em grupos indefinidos -de temática política, mas não alinhados claramente a alguma ideologia- e 5,1% em grupos de esquerda.

“Bolsonaro convocou apoiadores a se unirem a ele no 7 de Setembro , e isso se refletiu, naturalmente, em grupos de WhatsApp e Telegram, que têm apresentado uma grande mobilização, com a organização de caravanas ou conversas sobre o 7 de Setembro como a última vez em que vão às ruas”, afirma Fabrício Benevenuto, professor de ciência da computação da UFMG e coordenador do projeto Eleições sem Fake.

“O problema é que muitas dessas mensagens vêm acompanhadas de ataques aos ministros do STF e às urnas eletrônicas e de desinformação relacionada ao processo eleitoral. É preocupante que nos grupos pró- Bolsonaro a convocação para participar dos atos passe por ruptura dos processos democráticos, intervenção militar e ataque às urnas eletrônicas. Parte da motivação envolve extremismo.”

O presidente chamou apoiadores para irem às ruas no 7 de Setembro durante discurso na convenção do PL que oficializou sua candidatura . “Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de Setembro, vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez”, disse na ocasião, sob gritos de “mito”.

Bolsonaro aproveitou a mesma fala para atacar os ministros do STF , sem mencionar nominalmente seus principais alvos, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. “Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Entender que quem faz as leis são os Poderes Executivo e Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Isso interessa a todos nós”, afirmou.

Em edital publicado no Diário Oficial do Município de quinta-feira (4), a Prefeitura do Rio contrariou os planos do presidente e manteve o desfile na região central , não na orla de Copacabana. No último sábado (6), Bolsonaro reafirmou que participaria do ato em Copacabana no 7 de Setembro, mas, dessa vez, não citou a participação das Forças Armadas.

A mensagem de texto mais compartilhada nos grupos de WhatsApp monitorados pela UFMG foi enviada 175 vezes em 117 grupos. “Dia 7 de setembro será o último aviso, a última oportunidade de colocar o país no eixo. Então, presidente, quero te falar, será o último mesmo, se não mudar no dia 7 de setembro e não vier uma resposta do líder que elegemos com quase 70 milhões de votos, EU DESISTO. Eu te elegi para você ficar contra o sistema, te dei autorização para meter o pé na porta do STF, do Congresso e de mais onde for preciso. Estou ratificando esta autorização no dia 7 de setembro”, diz o texto.

Outra mensagem entre as mais compartilhadas, enviada 92 vezes em 13 grupos, afirma: “Eu, brasileiro, como cidadão do bem, convoco quem tem amor pelo Brasil e deseja um futuro melhor para nossos filhos e netos a se levantar. Vamos para as ruas antes que seja tarde e o COMUNISMO cale nossas bocas”.

Outra das mensagens com grande circulação diz: “PESSOAL, VÃO EM PESO PARA AS MANIFESTAÇÕES NO DIA 7 DE SETEMBRO, O QUE ESTÁ EM RISCO É O FUTURO DO BRASIL E DE SEUS FILHOS, NÃO PODEMOS ACEITAR SERMOS UMA DITADURA E PASSAR FOME IGUAL NA VENEZUELA E NA ARGENTINA… NÃO PODEMOS CAIR NESSA MESMA IDIOTICE, TEMOS QUE AGIR ANTES, NÃO DEPOIS DAS FRAUDES, DEPOIS NÃO HÁ NADA QUE SE POSSA FAZER.”

Além disso, há grupos dedicados à convocação para o 7 de setembro, organizando o evento e preparando caravanas de viagem -por exemplo, o grupo “07 DE SETEMBRO (O CHAMADO)”, com 195 participantes.

A matéria também teve repercussão no BHZ – NOTÍCIAS, no Canal do Youtube da Gabriela Prioli (2’48”), no Brasil de Fato, no Valor Econômico, outra matéria no Brasil de Fato e no Jornal Correio do Brasil.

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