Sistema de segurança fundamentado em pesquisa identifica redes de dispositivos infectados e detecta vulnerabilidade de segurança no parque tecnológico das instituições
O aumento do uso da Internet traz diversos ganhos para as empresas e para a sociedade, mas, em contrapartida, ataques virtuais podem comprometer setores estratégicos para o país. Pensando no papel dos pesquisadores para promover a proteção, o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade, nessa quarta-feira (30/06), cientistas, coordenados pela professora Michele Nogueira do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), finalizaram o processo de transferência de tecnologia inovadora voltada à proteção de redes de computadores para a startup EarlySec. A ferramenta Sherlock-X, um sistema que identifica redes de dispositivos infectados (botnets) e com a segurança vulnerável a invasões, teve a pesquisa iniciada em 2016 e somente o desenvolvimento da ferramenta durou dois anos.
Para evitar os ataques, por meio de análises de mensagens, tráfego da rede e outros sinais suspeitos, a equipe modulou probabilidades que conseguem inferir a influência que um dispositivo tem por outro, salientando sinais de uma botnet. “A botnet é uma coleção de dispositivos conectados à Internet, infectados, que permitem aos hackers controlar de forma remota o lançamento de ataques contra um alvo”, explica Michele.
Para desenvolver tal inovação, a proposta de projeto e a equipe de cientistas foram selecionados para participar de um grupo de trabalho dentro da Rede Nacional de Pesquisa, a qual financiou a pesquisa. Fez parte da construção do sistema, capacitações empreendedoras, mentoria com especialista na área e testes em empresas distintas.
Segundo a pesquisadora, o software pode ser usado por empresas de quaisquer áreas e de qualquer tamanho. “Focamos nossa pesquisa em instituições de médio e grande porte, mas pode ser utilizada amplamente. Além disso, nos preocupamos com o aumento excessivo de ataques às empresas das áreas de saúde e agronegócio, por serem tão estratégicas para o país e necessitarem ficar mais atentas às ameaças cada vez mais sofisticadas e danosas”, afirmou Nogueira.
Todo o desenvolvimento da ferramenta teve a participação de alunos da graduação, mestrado e doutorado. “Além do aprendizado e da vivência das pesquisas em laboratório, conseguimos em todos os procedimentos usados na construção dessa nova tecnologia propiciar aos nossos alunos a teoria e a prática. Mostramos que as pesquisas não ficam somente dentro dos laboratórios, mas, também, passam pela transferência tecnológica, o que demonstra o papel dos pesquisadores na geração de ganhos para a sociedade como um todo”, concluiu a professora.