“No DCC aprendi a fazer pesquisa de alta qualidade e com potencial de impacto na ciência e na sociedade”, afirma ex-aluno

Heber Amaral, ex-aluno do doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação da UFMG, defendeu sua tese em 2022 sob a orientação do ex-professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC), Sebastián Alberto Urrutia. Antes disso, passou pela graduação e o mestrado em Ciência da Computação na Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde foi orientado pelo professor José Luiz Braga. Enquanto esteve no DCC, Heber passou a se sentir parte integrante da universidade. “O que mais me marcou no DCC foi a infraestrutura, o ambiente acadêmico, o alto nível de capacitação e conhecimento de todos os profissionais (servidores e professores) e também dos alunos. De uma forma ou de outra, os ambientes que convivemos se tornam peças que compõem quem somos. A UFMG é uma das grandes peças que me formou profissional e acadêmicamente. Antes dizia que academicamente eu era filho da UFV, hoje tenho uma outra casa, sou filho da UFMG também”, afirmou.

Segundo o ex-aluno, o DCC contribuiu em sua vida pessoal e profissional. “O departamento favoreceu para que eu aprendesse a fazer pesquisa de alta qualidade e com potencial de impacto na ciência e na sociedade. Além disso, contribuiu para que eu adquirisse conhecimento, amigos e rede de contatos. Hoje sou professor do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais e até acredito que estaria onde estou mesmo se não tivesse passado pelo DCC, mas não da mesma maneira. Hoje me reconheço como um bom profissional e devo isso ao DCC”, garantiu.

Para quem está no DCC, Heber aconselha calma, já para quem deseja entrar, segundo ele, é preciso avaliar se realmente o seu perfil é de um pesquisador. “Para quem está no DCC, diria: calma, vai passar e vai valer a pena muito a pena! Para quem deseja entrar, veja se o seu perfil é de pesquisador, não necessariamente docente, se sim, é o melhor lugar para você estar. O primeiro grande impacto que tive no DCC foi cruzar nos corredores com nomes que via nas capas dos livros que usei na graduação e no mestrado. Esse foi o primeiro choque. Outra coisa que me marcou foi a infraestrutura e os recursos disponíveis para se realizar um trabalho de qualidade. E olha que estávamos em uma época de “vacas magras” para pesquisa nacional, com grandes cortes de recursos”, falou.

Heber não seguiu o trajeto típico do estudante de pós-graduação stricto sensu. “Geralmente, esse caminho envolve uma graduação com bolsa PIBIC, seguida pelo mestrado e posteriormente doutorado. No meu caso, após concluir a graduação, optei por entrar diretamente no mercado de trabalho. Após alguns anos nessa trajetória, decidi me dedicar ao mestrado. Foi no decorrer do mestrado que descobri meu gosto pela pesquisa. Durante esse período, fiz um concurso para professor da UFVJM (campus Janaúba) e passei. No entanto, após dois anos lecionando na universidade, decidi buscar licença para fazer o doutorado. Obtive a licença, mas ela tinha a duração de apenas dois anos. Esse tempo limitado foi suficiente apenas para cursar as disciplinas obrigatórias. Após esse período, enfrentei o desafio de percorrer semanalmente cerca de 1160 km (580 cada trecho) de estrada para lecionar, concentrando minhas aulas nas segundas e terças-feiras, para então retornar ao meu programa de doutorado. Essa situação era desafiadora para mim (um perrengue e tanto!), tendo em vista que eu sou casado e pai de um filho que tinha 8 anos na época. Essa foi, sem dúvida, a fase mais difícil que enfrentei”, disse.

Passada essa situação, em 2018, o professor Sebástian ofereceu ao Heber a oportunidade de passar três meses na Noruega, em uma colaboração entre o projeto em que estava envolvido e a Universidade de Molde. “Foi um desafio e tanto. Após conversar com minha esposa, decidimos que iria sozinho, pois três meses fora seria complicado para meu filho, que estava no terceiro ano do Ensino Fundamental, e também seria difícil para ela abrir mão do emprego. Isso representava uma grande oportunidade, poder deixar de lado as viagens frequentes entre a UFVJM e a UFMG e me concentrar exclusivamente em minha pesquisa de doutorado. Era praticamente um período de imersão total, um internato, uma chance de obter resultados sólidos e garantir a qualidade da minha tese, ou simplesmente a chance de terminar o doutorado. Portanto, aceitei o desafio e parti, enfrentando mais um período desafiador longe de casa, da esposa e do meu filho. Minha saúde foi posta à prova, foi um período de muita saudades de casa (mais um perrengue). No entanto, as videochamadas e os momentos de diversão on-line com meu filho amenizava a saudade todas as noites”, lembrou.

Durante esse período na Noruega, Heber teve a oportunidade de trabalhar com o professor Lars M. Hvattum, que, conforme o ex-aluno, desempenhou um papel fundamental como coorientador e foi peça-chave, juntamente com seu orientador no Brasil, para o sucesso da sua pesquisa. “Após retornar, trouxe resultados animadores da pesquisa e avancei para a qualificação do projeto. Buscando uma maior proximidade da minha família, decidi realizar um concurso para o IF Sudeste MG logo após a qualificação. Exatamente um dia após a qualificação foi a prova didática (outro perrengue), e felizmente fui aprovado. Em 2020, tomei posse no novo cargo e, pouco depois, a pandemia eclodiu, trazendo consigo uma série de desafios de adaptação à nova realidade, em um novo ambiente e ao mesmo tempo escrevendo minha tese. Ainda assim consegui publicar o artigo final da pesquisa em uma revista de alto impacto, um marco importante. Finalmente, em janeiro de 2022, defendi minha tese. Resumindo, essa foi a trajetória que percorri até o momento. Ufa!”, concluiu sorrindo.

O professor Sebástian conheceu Heber no final de 2015, quando ele o procurou para fazer doutorado. “Depois de algumas idas e voltas com um tema da pesquisa aplicado à otimização em portos que não estava dando certo, decidi lhe dar um tema baseado em uma ideia para desenvolver um método que vinha pensando há vários anos. Depois de vários anos, apesar de ter tido que voltar a seu trabalho de professor, da minha mudança para Noruega e apesar da pandemia, o Heber conseguiu implementar e testar o método (que acabou se chamando Delayed Improvement Local Search) para dois problemas de otimização combinatória. O trabalho rendeu uma excelente publicação no Journal of Heuristics, junto com o professor Lars Hvattum que o Heber visitou na Noruega. Na defesa, a tese foi muito elogiada pelos membros da banca. Pessoalmente, posso dizer que o Heber é uma pessoa muito amigável e muito trabalhadora. Apesar da dedicação parcial ao doutorado, quando foi importante se dedicar inteiramente a isso ele o fez sem reclamar. Aproveito para enviar um abraço para ele”, disse o professor.

Para saber mais sobre o Heber, acesse o linkedin https://www.linkedin.com/in/heber-amaral-b764774/

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