Renato Luiz de Freitas Cunha, entrou e saiu do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG por duas vezes. A primeira no mestrado, de 2008 a 2010, e a segunda, no doutorado, entre 2016 e 2022. De acordo com o ex-aluno, ambas as experiências foram bem diferentes, já que no mestrado era bolsista com dedicação exclusiva, enquanto no doutorado tinha dedicação parcial, pois trabalhava, à época, no laboratório de pesquisa da IBM Brasil. Nas duas pós-graduações, Renato foi orientado pelo professor Luiz Chaimowicz, “certamente o professor mais bacana que já tive o prazer de conhecer”, afirmou.
No final de 2007, como muitos da sua geração, Renato gostava bastante de joguinhos de computador e, como o professor Chaimo tinha uma linha de pesquisa para jogos, entrou em contato. “Chaimo tinha uma linha de pesquisa em IA (Inteligência Artificial) para jogos. Enviei um email para ele para sondá-lo se teria interesse em me orientar e contei a história do meu projeto de graduação: um jogo 3D de corrida de tampinhas e o Chaimo topou na hora. Curiosamente, no final de 2015 ou começo de 2016, tínhamos a situação oposta: o Chaimo e eu já nos conhecíamos, porém, ao sondá-lo sobre uma orientação para o doutorado, ele perguntou se eu tinha certeza do que queria, pois estava trabalhando e morando longe da UFMG, em São Paulo, capital. Depois de muita conversa e reflexão, decidimos seguir em frente e me candidatei para ingressar no doutorado em Ciência da Computação da UFMG. Tanto no mestrado quanto no doutorado fui membro do VeRLab e do J. Para ser bem sincero, nunca vi muita distinção entre os dois laboratórios, pois sempre encontrei um clima de muita camaradagem e respeito e considero que fiz amigos para a vida, ainda que mesmo sem muito contato frequente”, contou.
De acordo com o ex-aluno, o que mais o marcou desde o primeiro contato com o DCC foi a secretaria. “Sabe que o que mais me marcou, desde o primeiro contato? A secretaria! Conhecendo a realidade das instituições públicas, sempre me saltou aos olhos a solicitude e a organização da secretaria. Na verdade, isso sempre foi marcante para mim. Pode ser que eu tenha tido sorte, mas como só encontrei gente boa e legal, acho que é o ambiente do DCC. O DCC contribuiu muito para estar onde estou. Dificilmente estaria onde estou se não tivesse passado pelo departamento. Acho que o DCC me deu uma base sólida para o que eu faço hoje. Por exemplo, desde que defendi o mestrado, tive a oportunidade de trabalhar em divisões de pesquisa de empresas de alta tecnologia, como a EMBRAER, IBM e Microsoft. É claro que não é possível dizer com certeza que, se hoje trabalho com pesquisa em tecnologia, foi devido a ter estudado no DCC, mas a contribuição foi forte, sem sombra de dúvida. Ter cursado PAA como disciplina obrigatória no mestrado me deu uma base sólida em algoritmos e que aplico frequentemente”, ressaltou.
Durante os cursos, Renato fez muitos amigos e que, segundo ele, levou para a vida. “No DCC fiz muitos amigos, tanto eles quanto o rigor acadêmico que aprendi no DCC são para a vida. Um grande amigo da época do mestrado me acolheu durante o primeiro ano do doutorado, para que eu pudesse ficar “em” Belo Horizonte (Nova Lima) e poder frequentar as aulas, por exemplo. Para quem quer entrar no DCC, eu diria que é uma ótima escolha! Não só porque Inteligência Artificial é uma área em alta (e se estuda esse trem no DCC), mas porque o DCC é excelente, com professores de primeira linha e uma infraestrutura de ponta. Além disso, a UFMG é uma das melhores universidades do Brasil, com tradição em pesquisa e ensino. Não subestime a pesquisa do DCC, ela vai longe. Para quem já está, saia logo! (risos) Brincadeira…. Aproveite ao máximo, faça amigos e participe das atividades mais variadas que puder. Se você estiver fazendo pesquisa, saiba que o que importa não é uma ideia mirabolante, mas a dedicação no dia a dia. Assim, naturalmente surgirão ideias de trabalho a serem feitas”, afirmou.
No período de estudos no departamento, Renato passou por alguns “perrengues”, sendo um deles o de se matricular em uma disciplina de área que nunca havia estudado. “Para mim, engraçado foi ter me matriculado no mestrado na disciplina de “Otimização combinatória” sem nunca ter estudado nada de otimização (risos). Aquele foi um semestre puxado. Sendo sincero, o período do mestrado foi bem desafiador, não sei bem o motivo, talvez por ser bolsista, com dedicação exclusiva e, por bastante tempo, sem resultados publicáveis. Ainda por cima, vivendo em uma cidade nova (apesar de ser mineiro, eu nunca havia morado em BH)… Talvez me faltasse maturidade à época, mas, às vezes, eu achava difícil lidar com a pressão, muitas vezes autoimpostas. No fim das contas, as publicações vieram (inclusive com um prêmio de best paper!) e deu tudo certo. Em retrospecto, talvez não devesse ter me levado tão a sério. Curiosamente, passei pelo doutorado “numa boa”, dessa vez morando longe da UFMG, casado e, já no último ano, com um filho. Talvez eu tenha aprendido a lidar melhor com a pressão, ou talvez eu tenha me tornado mais maduro. De qualquer forma, o doutorado foi bem mais tranquilo psicologicamente, apesar de ser um desafio muito maior no quesito gestão de tempo. Acho que só deu certo por ter tido apoio da minha família e dos amigos”, relatou agradecido.
Atualmente Renato trabalha como Senior Research Software Engineer, como parte do laboratório de Redmond, na divisão de pesquisa da Microsoft.
Segundo o professor Luiz, o Renato tinha o apelido de “Python” e o deixou muito honrado quando o procurou para que o orientasse no mestrado e no doutorado. “O apelido pelo qual o Renato era conhecido vem da grande expertise que ele tinha nessa linguagem de programação, muito antes dela ficar famosa. O seu interesse principal era na área IA para Jogos, e a sua dissertação abordou a criação de um agente inteligente para auxiliar jogadores iniciantes em jogos RTS. Depois de terminar o seu mestrado, em 2010, ele trabalhou por alguns anos na Embraer e IBM Research, e me contactou em 2016 interessado em fazer doutorado no PPGCC. Um fato curioso, mas que me deixou muito honrado, é que, apesar de estar morando e trabalhando em São Paulo, e ter acesso a outros programas de pós-graduação de qualidade, o Renato optou por fazer o seu doutorado comigo na UFMG, mesmo implicando em viagens semanais à Belo Horizonte para fazer as disciplinas durante o primeiro ano. O tema de seu doutorado foi na aplicação de aprendizado por reforço na alocação de jobs em sistemas computacionais, trabalho que gerou resultados bastante interessantes. Cabe mencionar que Renato chegou em seu doutorado com um excelente background de pesquisa e desenvolvimento e a minha contribuição principal foi ajudá-lo a direcionar e polir o seu trabalho. Foi um grande prazer trabalhar com o Renato ao longo desses anos e espero que a gente consiga manter contato no futuro”, disse orgulhoso.
Para saber mais sobre o Renato, acesse as redes: http://github.com/renatolfc e http://twitter.com/renatolfc