Graduado e mestre em Ciência da Computação pelo Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), Stenio Pereira Viveiros é da cidade de Timóteo, interior de Minas Gerais e sempre teve o sonho de estudar Ciência da Computação na UFMG. Sempre rodeado pela informática, tinha como exemplos o pai, Milton de Assis Viveiros, dono de uma loja de informática, e o irmão, André Pereira Viveiros, que cursava informática. “Fiz o vestibular da UFMG em Governador Valadares e passei em último lugar. Falo que estudei o suficiente para passar. Comecei a graduação no segundo semestre de 1999 e praticamente não conhecia Belo Horizonte. Montei uma república com amigos, um que estudava publicidade e outro Medicina. Foi tudo muito novo, muito impressionante, fiquei deslumbrado com Belo Horizonte e com o DCC. O primeiro semestre foi bem difícil, principalmente pelas matérias de Cálculo I e Física. Me lembro que na última prova de Cálculo, com a professora Regina Radicchi, do Departamento de Matemática, por poucos pontos eu não conseguia a nota mínima”, relatou Stenio.
Sentindo que precisava de uma base melhor para enfrentar as dificuldades das matérias, Stenio se juntou com os colegas de turma, que são amigos até hoje, e montou um grupo chamado “Desmaiados”. Todos os dias os alunos saíam do DCC e ficavam na biblioteca da UFMG até tarde da noite. O grupo foi batizado com esse nome por estarem sempre cansados, estudando, trabalhando até tarde, dormindo no Centro de Ensino da Computação (CEC) e, ao mesmo tempo, aproveitando as festas. “Esses amigos me ajudaram a passar, foram fundamentais, me colocaram nos trilhos dos estudos. O Juliano, o Robert, o Diego, a Gisele, o Lucas, o Leonardo, a Isabela, o Pablo e o Eduardo são sensacionais, somos amigos até hoje. Estudamos juntos durante todo o curso, sempre fazíamos os trabalhos e isso foi muito importante para mim. Se unir a pessoas boas é fundamental para vencer as barreiras e ter sucesso”, ressaltou.
Em 2000, Stenio precisava trabalhar para pagar as contas e começou um estágio no Laboratório de Engenharia de Software e Sistemas (Synergia). De acordo com o ex-estudante, o Laboratório trazia para a universidade projetos que possibilitava aos alunos da graduação colocar em prática o conhecimento adquirido em sala de aula e, por isso, foi um divisor de águas e mudou sua vida. No período em que esteve no Synergia, teve contato direto com os clientes, como a Câmara Municipal de Belo Horizonte e o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, onde, segundo Viveiros, amadureceu muito na área de engenharia de software em qualidade. “Ter tudo que o Laboratório proporcionava e ainda,uma bolsa foi fenomenal. “Quem conseguiu essa vaga para mim foi o professor Clarindo Isaias Pereira da Silva e Padua. Ele é como um segundo pai para mim, é um cara maravilhoso. Foi o meu orientador no trabalho final do curso de graduação e meu orientador no mestrado. Fez a diferença tanto em minha vida pessoal quanto na profissional. Entrei no Synergia e me apaixonei pela área de Testes e Qualidade. Minha carreira toda foi voltada em cima disso e até minha evolução de carreira dentro do Laboratório foi impressionante. Comecei como estagiário, logo me contrataram como analista de teste, depois virei líder de teste para fazer a gestão da equipe. A convivência com alunos de mestrado e doutorado, como o Daniel Câmara, me ajudou muito a amadurecer. Aprendi as ferramentas da IBM, que são úteis até hoje. Tanto o professor Clarindo, quanto os professores Geraldo Robson Mateus e o Wilson de Pádua Paula Filho me ensinaram muito. Fiz muitos amigos no Laboratório, trabalho e convivo com vários deles até hoje”, falou.
A partir do trabalho no Synergia com a qualidade, apesar de alguma dúvida, já que também havia o desejo em ingressar no mercado de trabalho, Stenio optou por emendar o mestrado. A decisão foi tomada em conjunto com o professor Clarindo, grande incentivador do ex-aluno. “O professor Clarindo me ajudou demais, fizemos uma parceria com a Engenharia de Produção e conheci o professor Lin Chih Cheng, que inclusive foi co-orientador da minha dissertação. Unimos a parte de engenharia de software com engenharia de produção. A interação de Departamentos distintos que o DCC promove é fenomenal e me ajudou bastante, tanto nos estudos quanto profissionalmente”, disse.
Além de toda importância profissional, o DCC foi também fundamental para a vida pessoal do Stenio, já que foi através do Juliano, colega de graduação, que conheceu a esposa. “Mariana dava aula de inglês para o Juliano e em uma carona de Belo Horizonte para Timóteo, ele nos apresentou. Apesar da família dela viver na mesma cidade que a minha e até nossos pais se conhecerem, somente por meio do Juliano e do DCC que fui conhecê-la. Ela foi muito importante durante o final da minha graduação e durante todo o meu mestrado, momento muito conturbado. Passamos juntos até a minha defesa e logo o nosso casamento. Ela sempre me apoiou e me apoia nas decisões profissionais e sempre está junto dessa minha jornada”, contou emocionado.
Tentando conciliar os estudos com o mercado de trabalho, Stenio saiu do Synergia e foi trabalhar em uma empresa privada. Após algum tempo, percebeu que não daria certo e retornou ao Synergia. “O Laboratório sempre esteve de “braços abertos” para os alunos do mestrado, doutorado e graduação. Voltei, terminei o mestrado e fiquei no Synergia até 2008. Neste ano, novamente através do professor Clarindo e da parceria com outras empresas, trouxemos a primeira certificação de teste e qualidade para o DCC. A certificação é reconhecida mundialmente pelo ISTQB e, no Brasil, é chamada BSTQB. Trouxemos representantes de São Paulo para a UFMG, fiz todo o contato e a certificação. Depois descobri que essas mesmas pessoas também tinham uma empresa de teste de qualidade, a maior do Brasil, hoje chamada Keeggo e, na época, RSI. Fui convidado para trabalhar em São Paulo, depois voltei para Belo Horizonte e hoje estou em Brasília. Fiquei nessa empresa por 14 anos e lá desenvolvi bastante. Assumi cargos importantes – gerente de operação, consultor e trabalhei com grandes empresas, como a Caixa Seguradora, Banco Santander, Caixa Econômica e Itaú, onde aplicava tudo aquilo que havia aprendido no Synergia”, descreveu.
De acordo com o ex-estudante, o DCC e o Laboratório são responsáveis por tudo que desenvolveu na carreira até os dias de hoje. “Sou muito grato por tudo que aprendi com o professor Clarinho e todos os professores. Por coincidência, agora no início de 2022, estou saindo da Keeggo e indo trabalhar em uma grande empresa americana chamada Credible, também para a área da qualidade. Vou ser um engenheiro de qualidade focado em automação de testes. Consegui essa grande oportunidade por meio de um amigo que estudou comigo na universidade, o Daniel Gomes. Tudo no DCC – as matérias, aprender as ferramentas, ter muito material em inglês, correr junto – agora abre as portas também do mercado internacional para mim. É impressionante como o Departamento, principalmente o professor Clarindo, são fundamentais em tudo isso que consegui”, relatou agradecido.
Stenio também conta que durante a graduação participou de várias iniciativas que auxiliaram em seu desenvolvimento pessoal e profissional. Fez parte da recriação de uma empresa júnior, o que o ajudou a ter uma noção de empreendedorismo e, inclusive, ganhou um projeto da FAPEMIG junto com Daniel Câmara e o Geraldo Massahud, alunos do DCC, para montar uma primeira ferramenta de gestão de teste para o Brasil. Posteriormente, este projeto auxiliou Robert como investimento para a Base2, empresa que tem na área de computação e qualidade. Também era assíduo nos churrascos da turma e auxiliava na organização das cervejas e do futebol (time Javalis). “Fizemos várias festas e em vários lugares, como no sítio do professor José Marcos Silva Nogueira e em outros sítios alugados. Fizemos uma viagem para participar do ENECOMP, em Florianópolis, e ajudei a organizar tudo. Sempre gostei de me envolver em tudo que dizia respeito ao DCC”, disse.
Stenio também foi o gestor financeiro na comissão de formatura da turma. Tudo correu bem até o baile, onde foi salvo pelo pai. Empolgado com a festa e tudo que a envolvia, esqueceu-se de retirar o dinheiro para efetuar o pagamento da banda ao final do evento. “Tinha que pagar mil reais pra banda e esqueci de sacar o dinheiro. Estava curtindo e nem lembrava disso, até que o Juliano, presidente da comissão de formatura, foi pegar o dinheiro comigo. ‘Putz, esqueci, ah meu Deus do céu, a essa hora da madrugada não vamos conseguir sacar, os caras vão acabar conosco’, pensei. Quase morri por dentro. Até que meu pai vendo aquele desespero todo, como um bom mineiro da gema, do interior, tirou a carteira e disse: quanto cê quer meu filho? A carteira cheia de dinheiro, tirou mil reais e me entregou pra pagar a banda. Lógico, assustei, como o meu pai vem para um baile de formatura em Belo Horizonte e traz um dinheirão desse? Mas, se não fosse a prevenção dele, que até hoje não entendi porque ele veio para a festa com tanto dinheiro, eu não teria sido salvo”, relatou empolgado.
Além dos pais e familiares que vieram do interior de Minas para participar do baile, Stenio teve a presença mais ilustre, sua avó Marieta, hoje com 102 anos de muita vitalidade e saúde. “Foi emocionante tê-la aqui, veio assistir a formatura do primeiro neto e estava toda orgulhosa. Vovó ainda é viva, graças a Deus. Dei muito orgulho para ela naquela época e acho que continuo dando e tudo isso graças aos meus professores e amigos que tive no DCC, além do exemplo do meu pai em casa. É muita gratidão”, contou emocionado.
Para o professor Clarindo, Viveiros foi um de seus alunos mais marcantes, sempre muito dedicado e empenhado em fazer o trabalho de mestrado da melhor maneira possível. “Stenio tinha como base um extenso trabalho de pesquisa e visava trazer coisas novas e inovar nas soluções, tudo isso aliado a uma boa dose de criatividade. Além de orientá-lo no mestrado, também tivemos a oportunidade de atuar juntos no Laboratório Synergia de engenharia de software do DCC, onde ele desenvolveu um excelente trabalho profissional como gerente na área de testes de software em nossa equipe. Outra característica muito prazerosa do Stênio é o seu bom humor, constantemente alegre e sorridente! Não tem tempo ruim com ele. Enfim, foi daqueles alunos que só dão alegria, facilitam e dignificam o nosso trabalho”, relatou.
Saiba mais sobre o Stenio no Linkedin