Ex-aluno une trabalho em empresa de telecomunicações com o DCC e realiza o sonho de ser mestre e doutor em Ciência da Computação

Apesar de ter se formado em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1973, Dilmar Malheiros Meira tinha uma forte ligação com o Departamento de Ciências da Computação (DCC), já que vários de seus amigos ajudaram a criar o Departamento. Nesta época foi convidado a trabalhar no DCC, mas não pode aceitar, já que estagiava na antiga TELEMIG e tinha se comprometido em permanecer na empresa, onde trabalhava com telecomunicações. Nestes contatos, durante mais de dez anos, ficou muito amigo do saudoso professor Newton Alberto de Castilho Lages. “Infelizmente ele faleceu precocemente, éramos parceiros entre o DCC e a TELEMIG, eu trabalhava com  automatização de sistemas ou eletronização de sistemas, que era basicamente a modernização da planta de telecomunicações. Para modernizar a planta, precisávamos de muito conhecimento de computação, que eu não tinha. Assim, o Newton me convenceu a começar a estudar computação e fiz vários cursos no Departamento,” contou.

A parceria entre a TELEMIG e o DCC, instigada pelo ex-aluno e o professor Newton rendeu diversos projetos por vários anos, além de promover a busca do Dilmar pelo aperfeiçoamento técnico na área da computação. “Fiz curso de introdução aos microcomputadores, depois de programação de microcomputadores e especialização em análise de sistemas de processamento de dados, inclusive este último foi coordenado pelo Newton. Ele era um grande amigo, realizamos vários projetos juntos, eu coordenava pela pela TELEMIG  e a coordenação técnica era do Newton. A empresa foi financiadora do DCC por muitos anos’, relatou.

A amizade do professor Newton e do ex-estudante, além das questões pessoais, continuou rendendo frutos acadêmicos e Dilmar iniciou o mestrado no DCC. Por trabalhar em uma empresa em tempo integral, havia a dificuldade de dedicar-se ao estudo e, por isto, com a ajuda do professor Newton, conseguiu que a TELEMIG o licenciasse para se dedicar aos estudos. “Inicialmente era uma licença de tempo parcial, que consegui por um tempo. Infelizmente nesse meio tempo o Newton faleceu, perdi um grande amigo. Assim, passei a ser orientado pelo professor João Eduardo de Rezende Dantas. Isto tudo ocorreu entre 1986 a 89, quando concluí o mestrado na área de gerenciamento de redes de telecomunicações, área que eu trabalhava na TELEMIG. Era o coordenador  dos projetos de pesquisa e responsável pela interação com as universidades, assim, aproveitei que tinha muitos contatos no DCC e aprofundei bastante o trabalho junto ao Departamento”, disse.

Dilmar gostava de estudar e da área de pesquisa, assim, após a conclusão do mestrado, foi em busca de realizar o sonho de cursar o doutorado. Como gerente na TELEMIG,  precisou passar por um processo complexo para obter a aprovação do Ministério das Comunicações e do ministro para cursar o doutorado em Ciência da Computação, sendo o único doutor na época. “Fui a única pessoa a cursar doutorado enquanto empregado da Telebrás. Nessa época, o professor José Marcos Silva Nogueira voltava um estágio pós-dourado na UBC – Universidade da Colúmbia Britânica. Eu tinha excelentes referências dele e queria muito que me orientasse no doutorado. Fui da primeira turma de doutores formados no DCC, isso em 1991. Me formei somente em 1997, já que  , trabalhava também e de vez em quando que dar uma paradinha no doutorado para me dedicar ao trabalho que se acumulava.Deixei um substituto, mas às vezes era chamado pra emergências”, relembrou.

Enquanto fazia o doutorado, Dilmar foi convidado para trabalhar no Canadá e viveu experiências profissionais e acadêmicas enriquecedoras. “Fui fazer um ‘doutorado sanduiche’ e trabalhar como professor convidado e representava, ao mesmo tempo, o Ministério das Comunicações, a TELEMIG e o DCC/UFMG. Foi uma experiência muito interessante que consegui com a imensa ajuda do José Marcos”, falou.

Segundo o ex-aluno, o DCC foi mais importante em sua formação que a engenharia que cursou na graduação, já que passou mais tempo no Departamento  “Além dos cursos, do mestrado e do doutorado, tínhamos os laboratórios e acabei transferindo o meu escritório da TELEMIG para o DCC, que por algum tempo se tornou o meu local de trabalho. Um dia apareci lá e o pessoal perguntou: “Uai, você voltou pra TELEMIG? Eu falei, nunca saí. Mas você sumiu daqui. Falei, não, o meu escritório é lá no DCC.” Mudei para uma residência próxima ao Campus e ia a pé trabalhar. Fiquei anos lá, não era professor, não era aluno, era um  representante da empresa que tinha grandes projetos com o DCC e, para coordenar esses projetos, achei melhor estar lá dentro. Foi uma experiência muito interessante e tinha como parceiro o professor José Marcos”, contou. 

Quando saiu da TELEMIG, que já havia sido privatizada, Dilmar foi para a Telemar Oi e ainda manteve os contatos dentro do DCC. Posteriormente, fez o concurso para professor da Pontifícia Universidade de Minas Gerais (PUC/MG). “Nessa época passei a me dedicar a outras áreas e diminuí o contato com o DCC, mantendo apenas o pessoal, já que fiz muitos amigos no Departamento”. Atualmente aposentado, o ex-aluno se dedica à família, amigos e a fotografia, hobby que ama desde criança, quando o pai o presenteou com uma câmera. “Tenho uma irmã 14 anos mais nova do que eu e comecei tirando foto dela. Nessa época eu era adolescente. De lá pra cá sempre gostei da fotografia, principalmente tirar fotos de pessoas, é o que mais gosto. Às vezes passo horas retocando uma foto. Minha paixão é tanta, que pouco antes de me aposentar, coordenei um curso de pós-graduação em fotografia, mas, infelizmente devido a crise o curso não vingou por falta de alunos. Nunca ganhei um centavo com fotografia, é um hobby muito caro para quem quer fazer as coisas direitinho, fica sempre muito caro os equipamentos, também tem que ter espaço já  tive que abrir mão até de muitos livros para guardar equipamentos de fotografia. Mas é uma coisa que me traz muita satisfação e prazer”, finalizou.

Dilmar foi o primeiro aluno orientado por José Marcos e, segundo o professor, foi um aluno dedicado, comprometido, profissional e que se tornou amigo até os dias de hoje. “Foi muito bom ter orientando uma pessoa como o Dilmar, meu primeiro orientando no doutorado. Excelente aluno e pessoa, merece destaque, abri com chave de ouro. Já nos conhecíamos desde os projetos da TELEMIG com o DCC e foi uma satisfação o orientar. Ele foi responsável pela criação de alguns sistemas muito interessantes, voltados para as telecomunicações, como, por exemplo, o SEB-IU (Sistema de Eliminação de Bilhetes Interurbanos) e o SIS (Sistema Integrado de Supervisão)”, concluiu. 

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