Em 1994, devido a grande concorrência há época e receio de não conseguir passar no vestibular para o que desejava, ou seja, Ciência da Computação no Departamento de Ciência da Computação (DCC), Guilherme Rocha Ribeiro iniciou a vida estudantil na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na graduação de Engenharia Mecânica. Após dois anos, percebeu que não conseguiria seguir nesse curso e, assim, em 1996, prestou novamente o vestibular, desta vez para a área que sempre sonhou. “Foi uma das coisas mais gratificantes entrar naquela época no DCC, convivi com pessoas espetaculares em vários aspectos. Foi uma geração de professores e alunos que tive a honra de conviver. Consegui antecipar e concluir o curso e me graduei em três anos e meio”, contou.
Por já ter concluído as matérias, logo que entrou no DCC se tornou monitor de Cálculo e, ao final do ano, foi convidado pelo professor do DCC Berthier Ribeiro de Araújo Neto para participar do Laboratório de Vídeo Sob Demanda (VoD). No VoD, Guilherme desenvolveu pesquisas sobre streaming de vídeos, tecnologia atualmente comum, mas que na época não existia. “Desenvolvemos soluções e testamos, foi um ciclo de aprendizado fenomenal, com interações semanais com professores, orientadores e alunos de mestrado. O nível da minha motivação era altíssimo, ao ponto de a busca por vencer os desafios e solucionar os problemas me levar para o DCC em pelo sábado, no final da noite início da madrugada, para me debruçar sobre os problemas. Minha alegria e gratidão era tanto por estar alí que me impulsionava”, relatou Guilherme.
Segundo Rocha, havia uma competição extremamente saudável entre os alunos, todos queriam fazer o melhor, buscar as melhores notas. Enquanto esteve na Engenharia a carga horária era muito alta, com 8 horas de aulas diárias. Já no DCC, quando se matriculou, eram 4 horas diárias. Desta forma, acreditou ser um curso tranquilo e pouco puxado, o que logo descobriu ser um grande engano, já que após o horário de aula era necessário ter muita dedicação para atender a demanda dos trabalhos práticos. “Formávamos grupos de trabalhos, era muito intenso e também muito divertido, chegando a permanecer no DCC o dia todo, a noite, sábados e domingos. Já chegamos a levar colchões para o Laboratório para revezar o descanso durante a noite e o trabalho não parar. Ao mesmo tempo, era um ambiente muito saudável e conviver com o grupo de colegas brilhantes foi uma honra, um prazer e me trouxe muito aprendizado, naturalmente te joga pra cima”, falou.
Além da qualidade dos alunos, de acordo com Guilherme, outro fator que foi preponderante para a formação do profissional que é hoje é a qualidade extraordinária dos professores. “A técnica altíssima, a capacidade de motivar e transmitir o conhecimento só me impulsionou a buscar desenvolver as melhores pesquisas e a me dedicar sempre mais. A proximidade que tínhamos com os professores, a ligação entre a busca por soluções de projetos concretos e o impacto no mercado, a pesquisa pelo desenvolvimento de tecnologias e a riqueza de tudo isso trouxe um aprendizado excepcional”, relatou.
Ao final da graduação, Guilherme desejava sair do ambiente acadêmico e estagiou em indústrias e empresas, onde trabalhou com tecnologias voltadas para gestão de empresas, mas percebeu que ainda estava imaturo para seguir a carreira e que valeria avançar um pouco mais na área acadêmica, buscando, assim, o mestrado. Sendo assim, na busca pelo amadurecimento e melhoria da análise e no olhar mais apurado para os problemas e como solucioná-los, ingressou no mestrado no DCC. “Durante a minha banca no mestrado, guardei e levo para a vida uma frase do professor Ivan Moura Campos, que disse que o mestrado pode gerar resultados espetaculares e elevar o nível do conhecimento em determinadas áreas, mas o produto mais importante é o mestre. Não tenho dúvidas de que os alunos do DCC têm uma capacidade ímpar de olhar os problemas e desafios do mercado e trazer as soluções de uma forma muito mais eficiente e ágil. Tive a oportunidade ímpar de vivenciar isso e aprender a criar e desenvolver projetos inovadores. Até hoje diversos projetos que deram frutos na indústria reafirmam que o DCC é uma referência de inovação e de criação de novas empresas”, afirmou.
Rocha iniciou sua paixão pelo empreendedorismo com o saudoso professor do DCC Christiano Gonçalves Becker, entusiasta, grande motivador e incentivador dos alunos na criação de empresas. “Tive o prazer e a honra de ser aluno do Christiano e pude, durante o mestrado, participar da criação de uma empresa de computadores populares, que se tornou referência durante muitos anos no mercado. Essa pesquisa, também junto com o professor Sérgio Vale Aguiar Campos, meu orientador, desdobrou-se na criação de soluções para empresas e negócios no mercado brasileiro e mundial. Essa efervescência de diversas iniciativas e inovações dentro do DCC, tudo isso contribuiu muito para que Belo Horizonte seja uma referência não só em profissionais, como empresas e empreendedorismo de ponta”, ressaltou.
De acordo com Guilherme, o DCC abriu as portas do mundo para a vida profissional e tudo que conquistou e ainda irá conquistar. “Não me vejo hoje, fazendo o que faço e que sou apaixonado, se eu não tivesse passado por toda a riqueza do DCC. Me sinto honrado por ter tido essa oportunidade, por conviver com pessoas brilhantes e sou muito grato por todo o conhecimento e amadurecimento dos dez anos dentro da UFMG. Foi um ciclo riquíssimo, as experiências e o conhecimento levo para a vida. Aconselho a todos que queiram viver essa experiência e se interessem pela área que busquem o DCC, não deixando passar o tempo”, ratificou.
Durante a passagem pelo DCC, Rocha teve diversos episódios marcantes, já que, segundo ele, os cursos eram muito exigidos pelos professores, que tiram tudo de bom que os alunos têm a oferecer. Ao mesmo tempo, não sentia que passar noites e dias dentro do Departamento, finais de semana e feriados inteiros, era algo pesado, mas, sim, uma diversão. “Era apertado, nos exigia muito, mas jamais me senti mal com isso, pelo contrário. Concretizar um trabalho, por mais complexo que fosse, nos trazia enorme prazer e satisfação, chegando a ser mágico”, enalteceu.
Guilherme ressaltou que a dedicação é fundamental para todos aqueles que queiram entrar na área e avalia que o momento do estudo deve ser exclusivo, não se deixando levar pela tentação de iniciar no mercado de trabalho precocemente. “Avalio que os alunos novatos devem viver todas as experiências possíveis enquanto estão dentro da universidade, isso ao final será muito recompensador. O momento dentro deste ambiente é especial e fundamental para aprender, errar, experimentar, além de ser rico para posteriormente sim, ser um profissional completo com habilidades para de análise e aprofundamento de problemas e, assim, trazer soluções. No futuro, tal dedicação trará recompensas também financeiras, tenham a certeza disso. Não irão faltar oportunidades, desde que iniciei os meus estudos na área de tecnologia não vi crise ou falta de emprego”, afirmou.
No mercado de trabalho, Guilherme vivenciou várias fases e, após estas experiências, criou a empresa Helena Tecnologia, focada no sistema de atendimento por conversa e que tem por objetivo atender empresas que queiram atender e vender seus clientes por meio de conversas, seja no whatsApp ou Instagram Direct. Assim, buscam enriquecer os diálogos e torná-los cada vez mais bem sucedidos. “É mais um ciclo que inicio, inclusive junto com antigos sócios, e estamos com força total para atender o mercado brasileiro e fora do Brasil”, concluiu.
De acordo com o professor Sérgio, um dos seus primeiros alunos no DCC, Guilherme é um desenvolvedor fenomenal e de muito fácil trato, sempre pronto para ajudar. “Tenho que confessar que fiquei mal acostumado em ter um aluno com tanta excelência, tanto como aluno quanto como pessoa. Em nosso meio muitos são tímidos, mas o Rocha consegue ser um profissional de computação de excelente qualidade e interage com as pessoas de uma forma leve e fácil. Isso faz dele especial e um profissional muito procurado, já que nem todos têm essas habilidades. No projeto de computador popular, além de desenvolvedor, foi a pessoa referência para o contato com os jornalistas e aqueles que se interessavam pelo projeto, já que conseguia falar muito bem e tinha o conhecimento técnico. Tanto foi isso, que quando fomos apresentar o projeto em Brasília, para o presidente à época Fernando Henrique Cardoso, estava conosco. Ficamos muito tristes quando saiu, mas entendemos. Guilherme é uma pessoa que chega, ajuda, faz a diferença e segue o seu caminho fazendo coisas ainda melhores”, destacou.
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