Atualmente professor assistente de Ciência da Computação na Rice University, em Houston, Texas, Arlei Lopes da Silva passou por alguns apertos para se tornar o professor/pesquisador conceituado dos dias de hoje. Segundo ele, só conseguiu terminar a graduação no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais graças à Fundação Universitária Mendes Pimentel e, ainda assim, combinava o cheque especial e um limite minúsculo do cartão de crédito para terminar o mês. “Uma vez a minha bolsa atrasou e meu saldo ficou negativo, mas descobri que minha conta estava bloqueada somente na hora de pegar o dinheiro do ônibus para voltar para casa. Neste horário, quase todos já tinham ido embora do Instituto de Ciências Exatas (ICEx). Foi um aperto grande, juntei algumas moedas do fundo da mochila e pedi um empréstimo ao time de porteiros do ICEx para pagar a passagem”, contou.
Apesar de muitas dificuldades, Arlei garante que valeu tudo a pena e que a graduação é uma oportunidade para se descobrir o que se vê fazendo com gosto por muitos anos. “As matérias cobrem mais a parte teórica e o raciocínio rápido, por isso é importante se dedicar a algo fora da sala de aula também. Na Iniciação Científica, acabei encontrando várias aplicações de assuntos que aprendi (ou deveria ter aprendido) no ciclo básico. Mas a Computação te dá a oportunidade de trabalhar praticamente no que quiser”, afirmou.
Muito grato pelo período que passou no DCC/UFMG e, principalmente, aos professores, funcionários e colegas de Laboratório, Arlei se diz um privilegiado por ter convivido com pessoas tão especiais e ter sido aluno de professores sensacionais. “Outro dia li um depoimento do professor Newton Vieira no site do Departamento e me senti privilegiado por ter sido seu aluno por duas vezes. Os professores Jussara Marques de Almeida e Virgílio Augusto Fernandes Almeida me ensinaram as matérias que mais me marcaram no DCC, pela forma cativante que traziam a pesquisa para a sala de aula. Também me lembro que o professor Alberto Henrique Frade Laender influenciou muito o meu mestrado, fazendo parte da minha banca e, mais tarde, escrevendo cartas de recomendação para o meu doutorado”, contou agradecido.
Arlei foi orientado, tanto na Iniciação Científica quanto no mestrado feitos no DCC/UFMG, pelo professor Wagner Meira Júnior, a quem também tem enorme gratidão. “Publiquei o meu primeiro artigo com o professor Meira, em um workshop do Simpósio Brasileiro de Bancos de Dados (SBBD). Mal dormi na noite anterior ao evento tentando decorar os slides. Ao fim da apresentação, percebi que só havia duas outras pessoas na sala, o organizador da sessão e o Meira. Nos anos seguintes, ocorreram várias situações similares, em que o Meira me deu a oportunidade de tentar algo que fez toda a diferença em minha carreira anos mais tarde”, disse grato.
No período em que esteve no Departamento, Arlei diz que deu muito trabalho para as secretarias, principalmente para a Maria Aparecida Scaldaferri Lages, a Cida, e para a Sônia Lúcia Borges Vaz de Melo. “Elas cuidavam das nossas viagens e bolsas de pesquisa, sempre com muito carinho. Quando viajei pela primeira vez para uma conferência internacional, a Sônia teve até que acalmar a minha mãe que tinha ligado desesperada procurando notícias minhas”, relembrou. Arlei contou que também tem grandes memórias dos colegas do Laboratório de System Performance Evaluation and Experimental Development (Speed). “O Laboratório tinha uma cultura muito bacana. Todos se ajudavam e trabalhavam muito, mas se divertiam também. Até hoje conto histórias daquela e até de épocas anteriores à minha. Projetos ambiciosos nasciam e morriam em uma caminhada da sala 3019 até o café no quarto andar. Mas o desafio de colocar algumas daquelas ideias em prática foi o que me fez escolher continuar na academia”, afirmou saudoso.
Para o professor Wagner, a trajetória de sucesso do Arlei, até o momento, demonstra como a combinação de modéstia, brilhantismo e determinação pode superar toda sorte de desafios. “Fico muito feliz de ter podido presenciar e auxiliar durante uma parte desta fascinante história, e acredito que ele ainda está no início de uma carreira diferenciada, impactante e mais que merecida em Computação. Arlei tem mostrado, na prática, que um ambiente como o provido pelo DCC pode ser a origem de um destino muitas vezes difícil de prever e imaginar, mas construído em bases sólidas”, afirmou orgulhoso.
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