Ex-aluno afirma que o DCC abriu seus olhos para a pesquisa e para o mundo, além de trazer autoconfiança no conhecimento que recebeu para traçar o próprio caminho

Matheus Araújo, ex-aluno da graduação e do mestrado no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), entrou no Departamento em 2010 e percorreu um caminho cheio de desafios e perrengues, mas, principalmente, vitórias. Já durante a graduação em Ciência da Computação, teve a oportunidade de fazer um intercâmbio nos Estados Unidos (EUA), o que o fez estender um pouco mais a graduação, mas lhe rendeu conhecimento e prática no idioma inglês. Em 2013, conheceu o professor Fabrício Benevenuto de Souza, que o orientou no TCC e, posteriormente, no mestrado também. Desde o início, a parceria tornou-se forte, quando Matheus publicou o primeiro artigo em uma conferência nacional e, logo em seguida, uma extensão do mesmo artigo em uma conferência internacional. “Na primeira reunião que fiz com o professor Fabrício, já fui desafiado a fazer os experimentos e escrever um artigo, em 15 dias, que foi aceito para participar de uma conferência nacional. Logo em seguida, fizemos a extensão desse artigo, em um mês, para uma conferência internacional. Até hoje é o artigo mais citado que tenho. O mais importante do DCC, para mim, foi abrir os meus olhos para a ciência. É maravilhoso ter o gosto da ciência, fazer o experimento, escrever um artigo, publicar e apresentar o trabalho para outros cientistas em conferências. O professor trazia uma energia enorme para o trabalho e consegui vivenciar tudo isso durante a minha graduação, publicamos vários artigos”, contou o ex-aluno.

A segunda etapa do ex-aluno dentro do DCC foi o mestrado, em meados de 2015. Ainda em 2013, o professor Fabrício apresentou ao Matheus a possibilidade de utilizar um ano do mestrado no Qatar, como assistente de pesquisa, continuar os estudos e, ao voltar, defender a dissertação. “Via essa possibilidade muito distante, mas deu tudo certo. Adiantei todas as matérias, completei tudo em um ano e fui para o Qatar trabalhar com o pesquisador Ingmar Weber, por indicação do professor Fabrício. Consegui produzir muitos artigos lá. Essas conexões que os professores do DCC têm são sensacionais, o Departamento é conhecido e reconhecido no mundo inteiro e abriu as portas para a minha carreira. Apesar de ter feito intercâmbio anteriormente, minha ida ao Qatar abriu meus olhos para o mundo, onde tive muita experiência em pesquisa. Também foi lá que conheci o meu orientador do doutorado. Apesar de querer a princípio fazer o doutorado no DCC, acabei optando por ir para os EUA”, falou.

Matheus escreveu toda a dissertação sobre análise de textos em diferentes línguas no Qatar e voltou ao Brasil, em 2017, para fazer a defesa. Após a defesa, passou na University of Minnesota para o doutorado e no final deste mesmo ano foi para os EUA. “Tudo isso que consegui foi graças às portas abertas do DCC para os meus estudos e carreira. Me tornei assistente de professor na Universidade, também consegui uma bolsa para ministrar aulas e acabei mudando de tema em minha pesquisa. Parei de trabalhar com análise de sentimentos e fui trabalhar na área de saúde. Minha tese foi a utilização do aprendizado de máquina para prever quando um paciente vai desistir de uma terapia, mais focado na apneia do sono. Após isso, entrei de cabeça na área, conheci muitos médicos e estou iniciando um novo trabalho”, disse.

Antes de finalizar o doutorado, Matheus fez estágio na Nokia Bell Labs, na Inspire Medical Systems e na IBM. Após a defesa da tese, recebeu algumas propostas de trabalho, como na IBM, mas como a maior alegria era a pesquisa não aceitou. “Sabia que na IBM não seria mais pesquisador como sempre fui e sou desde 2013, assim, defini não aceitar. Aí, apareceu uma oportunidade mais voltada à pesquisa de trabalhar em uma das mais importantes redes de hospitais do mundo, a Cleveland Clinic, nos EUA. Nesta rede de hospitais o trabalho da computação é unido ao dos médicos, já que possuem uma gama enorme de dados de diferentes terapias e não possuem essa expertise para processá-los da melhor forma. Desta forma, estão sedentos por pessoas com esta capacidade e, por isso, fui convidado para trabalhar os dados no departamento de neurologia focando na área de epilepsia e saúde do sono. O plano é continuar publicando artigos tanto na área da computação e também na medicina. Começo dia 7 de fevereiro esta nova jornada, fora da zona de conforto, mas super empolgante, desafiadora e interessantíssima. Implantar muitos avanços da computação que ainda não chegaram na área da saúde, trazendo o bem de todos, foi um dos motivos que me fez escolher trabalhar dentro de um hospital”, relatou empolgado.

Matheus também trabalha em uma ONG chamada One Heart Health cujo objetivo é levar o atendimento médico na área cardíaca às crianças carentes em todo o mundo. Por meio da ausculta do coração das crianças, os médicos conseguem detectar doenças cardíacas congênitas para o tratamento precoce. “Estou agora na Califórnia, nos EUA, em um trabalho para a ONG. Aqui desenvolvo, junto com a equipe, um algoritmo capaz de detectar automaticamente o sopro no coração das crianças e, assim, conseguimos salvar vidas”, concluiu emocionado.

Para o professor Fabrício, foi um orgulho ter orientado o ex-aluno desde a graduação até o mestrado. “Matheus não tinha claro o que iria fazer e como seria a sua carreira. Sempre foi um aluno muito dedicado, muito comprometido e teve o primeiro contato com a pesquisa científica no Laboratório. Hoje, quando vemos o Matheus, um pesquisador com uma carreira brilhante pela frente, dá muito orgulho de ser parte do grupo que apresentou-lhe a pesquisa científica, mostrou o que era aquilo e o ajudou a realizar os primeiros trabalhos. De certa forma, o provocamos a seguir esse caminho. Dá um orgulho danado olhar pra carreira dele e ter participado disso tudo”, disse emocionado.

Saiba mais sobre o Matheus em suas redes: Linkedin, instagram e facebook.Você também pode entrar em contato com o ex-aluno pelo e-mail arauj021@umn.edu 

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