Busca por novos desafios leva ex-aluno da graduação em Letras na UFMG ao mestrado e doutorado no DCC

Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha queria viver novos desafios, ter outras experiências e, em sintonia com o interesse na área de linguística computacional e métodos computacionais para análise da linguagem, quando estava quase para se formar em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), buscou pelo professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC), Virgilio Augusto Fernandes Almeida. Logo nas primeiras conversas, professor e candidato a aluno vislumbraram diversas possibilidades de pesquisas.

Cunha concorreu para o mestrado na Faculdade de Letras (FALE) e no DCC, passou nos dois e optou pela Ciência da Computação, já que buscava possibilidades diferentes a seguir. Após o mestrado, orientado pelo professor Virgilio, foi bolsista de pesquisa no Centro de Análise e Modelagem de Performance de Sistemas (CAMPS), Laboratório e, posteriormente, partiu para o doutorado com dupla titulação, em Linguística e Ciência da Computação. Tal percurso estudantil o levou de volta à UFMG, agora como professor na FALE. “Toda a trajetória, o que aprendi e as experiências no DCC foram fundamentais para a minha atuação hoje. Leciono Linguística Computacional para alunos da Letras, na perspectiva do estudo da linguagem e, inclusive, fundamos o Núcleo de Linguística Computacional na FALE, mantendo sempre o vínculo com os professores do DCC que trabalham em parceria conosco”, contou Evandro.

Apesar de ter cursado uma disciplina de Programação, antes de entrar no DCC o ex-estudante tinha pouca experiência em computação, não tendo noção em Projeto de Algoritmos ou Teoria da Computação, por exemplo. Assim que entrou no mestrado se deparou com a disciplina Projeto de Análise de Algoritmos que, segundo Evandro, é temida por muitos. “Foi assustador na época, comparo, inclusive, com a chegada de um aluno na Letras para fazer a matéria Grego 4 sem ter feito as disciplinas 1, 2 e 3, que exige conhecimentos prévios e eu não tinha. Mas tive muita ajuda, compreensão e acolhimento dos professores e colegas do CAMPS. Até hoje tenho diversos amigos da época. Participei de vários projetos e essa transdisciplinaridade contribuiu muito para a minha formação e, acredito, eu também contribuí com todos”, ressaltou.

Segundo o ex-aluno havia muito trabalho, mas, também, muita união, amizade e diversão. “Trabalhávamos com tanto prazer que nos divertíamos. Muitas vezes ficávamos até tarde trabalhando e, depois, aproveitávamos para relaxar um pouco e nos divertir no mesmo espaço. Tenho muitas lembranças boas do trabalho, da união e dos momentos de diversão. Houve uma vez que viramos a noite no Laboratório, escrevendo um artigo que tinha um prazo curto para a entrega. Esquecemos que tínhamos que comer, passamos a madrugada comendo aqueles salgadinhos que têm nas máquinas que colocamos fichas. Mas tudo era muito leve, havia a cobrança nossa, interna, mas nada que nos massacrasse, além da leveza do professor Virgilio nos orientando sempre”, falou.

Durante os estudos no DCC, Evandro e alguns colegas viajaram bastante para congressos em diversos países diferentes, como Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Chile e Rússia. Ao mesmo tempo, o contrário também ocorria e vários estudantes da Coréia e Índia, por exemplo, vieram fazer intercâmbio no Laboratório, “Essas viagens, além de todo o aspecto acadêmico, eram muito divertidas. Fomos muitas vezes para os EUA e sempre parávamos para conexões no aeroporto em Miami. Conhecíamos todos os detalhes do lugar, ao ponto de uma pizzaria tornar-se oficial do CAMPS. Sempre comíamos lá, tirávamos fotos e compartilhávamos. O lugar virou referência para todos do Laboratório. Da mesma forma, receber alunos de fora também era muito interessante, além do intercâmbio acadêmico havia as questões culturais que sempre ensinavam e divertiam muito”, contou.

Para o professor Virgilio, Evandro foi um excepcional aluno. Com múltiplas habilidades, conseguia transitar entre assuntos de diferentes temas – sociais, humanísticos e computacionais – com uma facilidade ímpar. Além disso, publicou diversos artigos de extrema relevância. “Evandro analisou o uso das hashtags nas eleições de 2014, avaliando o impacto sobre gênero utilizando as hashtags, um trabalho que até os dias de hoje tem muitas referências. Também foi premiado em uma conferência importante na Holanda, com o melhor artigo, onde ele e os colegas analisaram as características dos discursos de ódio na direita americana. Esse artigo teve muito impacto e foi precursor para a situação atual, onde vemos discursos de ódio contra grupos mais vulneráveis. Também fez um artigo sobre a evolução do termo fake news ao redor do mundo. Cunha tem uma habilidade muito grande de compreender a realidade das coisas devido a sua formação em Letras e, também, em Computação”, destacou.

Conforme o professor, a Computação cada vez mais deve procurar formar profissionais multidisciplinares, dada a proximidade que todos os aspectos das tecnologias digitais têm com a vida social, pessoal e profissional, sendo, desta forma, importante que haja a compreensão multidisciplinar dos problemas. “Essas possibilidades multidisciplinares acabam resolvendo problemas complexos e que não são limitados a uma área específica do conhecimento. Acredito que o futuro da Computação é: Computação mais Ciências Sociais; Computação mais Ciências Humanas, Computação mais Ciências da Saúde”, argumentou.

Ainda segundo Virgilio, após toda essa bagagem acadêmica e de acordo com o seu perfil, hoje como professor na FALE, Evandro leva o viés de interesse em múltiplas áreas do conhecimento e da ciência. “Ele era um líder junto aos colegas, justamente por vir de uma outra área e saber fazer esse trânsito multidisciplinar e ter outras habilidades, como lutar esgrima, jogar floorball, além de ser um exímio pianista. Tudo isso o fez um aluno especial também entre os colegas. É importante que os nossos alunos do DCC tenham uma visão mais ampla do mundo e não fiquem apenas situados dentro do contexto da computação. Naturalmente ter um conhecimento profundo da computação é essencial, mas é preciso ampliar os horizontes e o Evandro é um desses alunos, marcou sua passagem por ter o perfil de aluno do futuro”, concluiu.

Saiba mais sobre o Evandro em suas redes Twitter e no site www.dcc.ufmg.br/~evandrocunha

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