Andrei Rimsa Álvares começou a história de paixão e parceria com o Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) em 2009, quando entrou no mestrado. Sempre quis trabalhar com compiladores e, na época, vislumbrou a oportunidade de mudar a área de pesquisa que havia começado na iniciação científica na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Assim, ansioso, já na saída da aula inaugural receptiva aos calouros da pós-graduação, conversou com o professor Roberto Bigonha sobre a vontade de trabalhar com análise de programas. Bigonha o incentivou e marcou uma reunião com um ex-aluno que estava retornando do doutorado nos Estados Unidos para fazer pós-graduação.
Durante a reunião, Andrei conheceu quem viria a ser um futuro professor do Departamento, Fernando Magno Quintão Pereira, e, após apresentar a ideia de pesquisa durante o mestrado, ganhou os dois como orientadores. Logo no começo do mestrado, aplicaram para o Google Summer of Code e foram contemplados para trabalhar no compilador LLVM. “Foram meses de dedicação a esse projeto junto às aulas do primeiro semestre. O apoio do grupo de pesquisa e dos orientadores foram essenciais nessa trajetória e, após um ano de mestrado, fizemos uma parceria com o professor Marcelo D’Amorim, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Trabalhei em Recife por alguns meses, o que foi crucial para o desenvolvimento da nossa pesquisa. Logo entendi a importância das parcerias que viriam a fazer parte da minha trajetória acadêmica futura. No final de 2010 defendi o mestrado e fui trabalhar na iniciativa privada”, contou.
No mercado de trabalho, Andrei trabalhou em uma fábrica de software e desenvolveu sistemas web para o governo federal. Posteriormente, passou a trabalhar em uma empresa de equipamentos médicos, onde criou sistemas embarcados para um monitor cardíaco. Em ambas as fases, o ex-aluno ministrava aulas à noite na PUC-MG, onde descobriu a real vocação para o ensino. Para efetivar o objetivo, prestou concurso para a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e começou a trabalhar no campus de João Monlevade. “Ali percebi que precisava voltar para o meio acadêmico e, para tanto, conversei com o professor Fernando para ter o seu apoio no meu doutorado. Por estar trabalhando, o professor estava receoso e recomendou algumas disciplinas isoladas antes. Nesse ínterim, fiz outro concurso e passei para professor do departamento de computação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), o que me trouxe novamente para Belo Horizonte. Depois de algumas disciplinas cursadas, o professor aceitou ser meu orientador novamente, o que foi uma honra e uma alegria”, relatou.
Em 2015, Andrei retomou para o DCC para fazer o doutorado. Neste período, passou por problemas para se adaptar e unir o trabalho e o começo de uma nova pesquisa. Após a fase de qualificação, iniciou uma pesquisa promissora, porém, como toda nova pesquisa, houve muitos contratempos. Novamente, as parcerias foram essenciais para a conclusão desse empreendimento. “Conversamos com o professor José Nelson Amaral, da Universidade de Alberta (UoA), que se prontificou a nos ajudar. Essa nossa parceria resultou em um convite do DCC para que Amaral viesse à Belo Horizonte ministrar uma palestra e um curso sobre avaliações experimentais na computação. Após isto, fiz uma visita ao professor em Edmonton, o que solidificou ainda mais essa parceria. Em tempos de pandemia da COVID-19, conciliei a escrita da tese com gravações de aulas para o ensino remoto emergencial do CEFET-MG. E, ao final de 2020, defendi o doutorado”, disse.
Andrei ainda mantém relação com o grupo de pesquisa do professor Fernando que, segundo contou, faz pesquisas de ponta na área de compiladores. “Tenho muito a agradecer por todas as oportunidades que o DCC me trouxe e, em especial ao professor Fernando, que sempre acreditou em mim. Sempre levo os ensinamentos que aprendi com ele para os meus alunos e guardo sua amizade com muito carinho”, finalizou emocionado.
Já para o professor Fernando, Andrei foi um aluno incrível, muito criativo e persistente, além de ter um talento raro para escrever programas complicadíssimos e entender sistemas muito complexos. “Durante o doutorado, Andrei aprendeu profundamente o funcionamento dos chamados sistemas de virtualização de programas: programas que interpretam e analisam a execução de outros programas. Um exemplo bem conhecido desse tipo de sistema é a ferramenta valgrind, a qual Andrei conhece muito bem o funcionamento, a ponto de ser capaz de escrever plugins para o sistema. Alguns desses plugins, como o CFGgrind, acabaram atraindo uma comunidade de usuários. E, em cima disso, Andrei tem muito cuidado em preparar e divulgar o conhecimento. Os cursos que monta e oferece no CEFET-MG atraem uma grande audiência de alunos, até mesmo fora da instituição em que trabalha”, revelou.
Saiba mais sobre o Andrei em seu Linkedin