Formado em Sistemas de Informação, em 2011, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), Julio Cesar Soares dos Reis, entrou no mestrado do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) e, posteriormente, fez o doutorado, formando-se em 2015 e 2020, respectivamente. Natural de Belo Horizonte, casado com Lidiana e pai do Miguel e da Maria Alice, sonhava em estudar na UFMG e se tornar professor e pesquisador. O amor de sempre pela pesquisa foi impulsionado durante a graduação, pelo orientador da monografia, professor Marcelo Werneck, também ex-aluno do DCC. Neste trabalho, propôs uma nova técnica de estimativa de tempo para a fase de levantamento de requisitos em projetos de desenvolvimento de software e rendeu a primeira publicação científica na Revista de Sistemas e Computação (RSC), em 2013.
Após concluir a graduação, trabalhou em empresas de TI em Belo Horizonte, onde desempenhou funções como testador, desenvolvedor e analista de qualidade. Posteriormente, foi aprovado em um concurso público para uma vaga de analista de TI na Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (DATAPREV). Nesta mesma época iniciou o mestrado no DCC, e por ser impossível conciliar o cargo público com a pós-graduação, Julio optou por renunciar ao cargo e investir na formação acadêmica. “Sempre quis ser pesquisador e tinha que optar. Além do mais, o trabalho no DATAPREV foi frustrante e pessoalmente desmotivador, assim, arrisquei”, contou.
Julio foi o primeiro aluno do mestrado orientado pelo professor Fabrício Benevenuto no DCC. Embora não se conhecessem anteriormente, houve uma sinergia imediata. “Foi um “casamento” perfeito e bastante produtivo. Durante a pesquisa, investigamos e aplicamos diversas técnicas de mineração de dados e análise de sentimentos no contexto de produção e consumo de notícias on-line. Também implementamos um sistema real que consistiu em uma nova proposta para visualização de notícias baseada no sentimento associado às mesmas. Além disso, publicamos nossa pesquisa em relevantes conferências de Ciência da Computação, como na International Conference on Web and Social Media (ICWSM) e na Interação Humano-Computador (IHC), com repercussão em sites nacionais e internacionais”, descreveu.
Posteriormente ao mestrado, em 2015, Reis continuou envolvido em projetos de pesquisa coordenados por Benevenuto, o que intensificou o aprendizado e pesquisa em tópicos relacionados à mineração de dados, mídias sociais, análise de sentimentos, aprendizagem de máquina, dentre outros. “Essas experiências adicionais e contínuas me embasaram para decidir o doutorado. Assim, iniciei os estudos também sob a orientação do professor Fabrício e, no início, meu foco era assuntos explorados durante o mestrado. Mas, com as eleições americanas na época e o amplo abuso por campanhas de desinformação, me interessei pelo tema. Foi uma opção arriscada, delicada e com muitos desafios, mas acreditava que o ocorrido nos EUA poderia também acontecer no Brasil durante as eleições presidenciais de 2018. Desta forma, enxerguei uma excelente oportunidade para contribuir de forma sólida e que pudesse ser realmente efetiva no âmbito sócio-científico”, relatou.
A relevância da pesquisa, que investigou o potencial prático de abordagens automáticas para detectar notícias falsas disseminadas em plataformas digitais, incluindo redes sociais e aplicativos para troca de mensagens, foi comprovada pela premiação do projeto na edição de 2018 do Google Research Awards for Latin American. Também foi publicado em relevantes periódicos e conferências da área de Ciência da Computação, como o IEEE Intel. Systems, o HKS Misinformation Review, a ICWSM, a WebSci, dentre outros. Os resultados obtidos inspiraram a construção de sistemas que foram incorporados ao projeto “Eleições Sem Fake”. “Minha tese ganhou o prêmio da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) de 3ª melhor tese de doutorado e no Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação (SBSI) ganhou como melhor tese de doutorado. Quanto ao projeto, ainda sou integrante e tenho muito orgulho em participar. Em 2018, durante o período eleitoral, foi amplamente utilizado por pesquisadores e jornalistas”, narrou Reis.
Apesar de recém-doutor, as publicações do ex-estudante do DCC já foram citadas mais de 600 vezes em outros trabalhos acadêmicos. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Informática da Universidade Federal de Viçosa (UFV), com interesses de pesquisa que incluem tópicos relacionados à computação social, jornalismo computacional, mineração de dados, aprendizagem de máquina e comportamento humano em plataformas digitais. Segundo o ex-aluno, a opção pela pesquisa e pela docência foi difícil e bastante incerta. Ao mesmo tempo, conciliar a vida pessoal foi muito desafiador, mas hoje vê que tomou a decisão mais acertada. “Abandonar um cargo público, casar e ter filhos durante a graduação, mestrado e doutorado me trouxe medos e inseguranças, mas acho que acertei. Estou muito feliz, amo a minha família e a pesquisa, que completam a minha vida. Quando estou com a família esqueço tudo e recarrego as energias para ser cada vez mais produtivo em minhas pesquisas. Meu objetivo como cientista é contribuir para o bem da sociedade e trazer melhoria e avanços para todos”, concluiu Julio.
Segundo o professor Fabrício, Julio foi um aluno brilhante, super aplicado, trabalhador, que dedica muito do seu tempo para fazer trabalhos de qualidade. É um pesquisador que sabe fazer as perguntas certas, busca respostas, mesmo quando há grande complexidade. “Júlio tem todos os elementos de um excelente pesquisador e o resultado da sua excelência, com trabalhos que abordam temas tão relevantes, são as diversas premiações da sua tese. Além disso, continua produzindo trabalhos de extrema qualidade, inclusive o último que publicamos no Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web (WebMedia também foi premiado. É uma pessoa sensacional e o seu trabalho é um reflexo disso”, afirmou.
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