Hoje professor e pesquisador do Instituto de Computação (IC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Bruno Pereira dos Santos cursou o mestrado e o doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação (PPGCC) da UFMG, sendo orientado pelos professores do Departamento de Ciência da Computação (DCC) Luiz Filipe Menezes Vieira e Antonio Alfredo Ferreira Loureiro. Além disso, segundo o ex-aluno, teve a orientação de diversos outros professores do DCC, tanto enquanto fazia as disciplinas quanto nas pesquisas que desenvolveu. “Na verdade, fui orientado por diversos professores no DCC/UFMG, pois tive diversas cooperações em minhas contribuições científicas. Oficialmente, entrei no DCC/UFMG com o professor Dorgival Guedes. Ele foi meu “padrinho” até que pudesse encontrar uma orientação formal. Após o primeiro semestre de mestrado, passei a ser orientado pelo professor Luiz Filipe (O FLIP!). Durante o doutorado, fui orientado pelo professor Loureiro e coorientado pelo Flip. Também dou destaque ao professor Marcos A. M. Vieira (O FLOP!), pela sua presença marcante durante o mestrado e o doutorado, bem como a professora Olga N. Goussevskaia, por suas orientações durante o doutorado. Ademais, fiz quase todas as disciplinas disponíveis da grade da pós-graduação (ou como matriculado ou como ouvinte). Por isso, tive um pouco de orientação de vários professores e professoras do DCC/UFMG. Foi um prazer aprender com os professores Newton J. Vieira, Jussara M. Almeida, Daniel F. Macedo, Dorgival O. Guedes, José Marcos Silva Nogueira, Mirella M. Moro, Nivio Ziviani, entre outros(as). Realmente é um excelente corpo docente”, garantiu.
Quando decidiu fazer o mestrado, Bruno aplicou para vários lugares, passando em todos, mas optou pelo DCC pela qualidade. “No fim de 2012, apliquei para o mestrado no DCC/UFMG e outros seis programas. Fui aprovado em todos os processos seletivos que apliquei, mas escolhi o DCC e a UFMG pois pesquisei sobre a qualidade que, na época, já era reconhecida (um dos poucos programas CAPES 7). Além disso, Minas Gerais possui similaridades com meu estado natal – Bahia. Acredito que o principal motivo de escolha foi o desafio de sair da minha zona de conforto (onde graduei abrira, naquele momento, um programa de mestrado na linha de pesquisa que estava habituado) e aprender em um bom centro de ensino. Comecei o mestrado no departamento em 5 de março de 2013 e finalizei em 6 de março de 2015. Ao final do mestrado já planejei o doutorado, iniciando em 9 de março de 2015 e finalizando este ciclo em agosto de 2019. Acredito que nunca sairei do DCC/UFMG. Acredito que os ciclos terminam, mas conforme o professor Loureiro uma vez me disse: “as portas estão sempre abertas para você”. Ainda mantenho contatos ativos e colaborações com o departamento”, contou.
Enquanto esteve no DCC, Bruno passou por situações marcantes. “Acredito que não há somente uma situação mais marcante, mas sim múltiplas. Algo notório no DCC/UFMG é o sentimento de pertencimento. No departamento existe uma espécie de elo entre discentes, docentes, técnicos e demais funcionários, que forma vínculos de profissionalismo e confiança nos diversos trabalhos ali executados. As pessoas que formam o DCC/UFMG realmente “vestem a camisa” da casa. A organização e o comprometimento podem ser percebidos em vários aspectos, principalmente a organização administrativa, que gerencia diversas frentes e demandas de modo “transparente” e eficiente para quem vê e usufrui dos serviços prestados. Do ponto de vista de comprometimento, destaco que este é um componente comum às pessoas de modo geral que conheci no DCC/UFMG”, afirmou.
Para Bruno, o DCC/UFMG representa um presente. “Para mim, o departamento representa ipsis litteris o lema da UFMG: “Incipit vita nova” (“Infunde vida nova”). Não existirá mais um dia de minha vida em que os dias passados no DCC/UFMG não reverberam. O departamento canalizou minha inquietude do/de conhecer, transformando-a em técnicas, procedimentos, críticas, aspirações e inspirações. Hoje vejo que todo resultado é um novo ponto de partida. Gilberto Gil disse: “A Bahia já me deu régua e compasso”, e a mim também. Completo a frase dizendo que “A Bahia já me deu régua e compasso” e o DCC/UFMG e Minas Gerais aperfeiçoaram, aprofundaram e sistematizaram os conhecimentos e habilidades em Ciência da Computação e na vida. Dito isto, o DCC é fundamental em minha jornada e não há dúvidas de que estou onde estou também por conta do DCC”, falou. “A formação provida pelo PPGCC da UFMG contribuiu para que eu desse passos importantes na vida profissional. Antes de finalizar meu processo de doutoramento, apliquei para vagas de desenvolvedor de software em algumas empresas e obtive sucesso. Adicionalmente, fui agraciado com uma aprovação em concurso público na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em primeiro lugar, e na mesma área de formação. Decidi continuar na carreira acadêmica e dei início a docência no Departamento de Computação e Sistemas (Decsi/UFOP), entre 2019 e 2022. Mais recentemente, fui aprovado, também em primeiro lugar, no processo seletivo para professor adjunto do recém-nascido, apenas dois aninhos, Instituto de Computação da UFBA, uma das universidades mais tradicionais do Brasil. Iniciei em julho de 2022 e permaneço nesta posição. Certamente os conhecimentos adquiridos no PPGCC da UFMG foram fundamentais para alcançar esses marcos históricos de minha carreira. Por isso, não há dúvidas de que estou onde estou por conta do DCC também”, afirmou.
Nos quesitos pessoal e profissional, Bruno acredita que o DCC contribuiu para algumas vitórias. “Superei o desafio de viver só, sem familiares e em um lugar remoto. Fui para Minas Gerais em 2013 e, à época, não conhecia ninguém e tinha pouco mais do valor do aluguel, da primeira república que morei, nos bolsos. O apoio do DCC nos primeiros momentos foi fundamental, pois tive problemas com os primeiros pagamentos da bolsa de mestrado. Prontamente, a Sônia, a Linda e o professor Dorgival me deram todo o suporte necessário para resolver os problemas administrativos, manter o foco nos estudos e não desistir. Fiz amigos para a vida e não só colegas de trabalho. Dou destaque especial para os grandes amigos que fiz nos laboratórios Wisemap, Winet e LaPO. Já na parte profissional, consegui, durante o mestrado e o doutorado, construir uma rede de colaboração coesa e unida. Esta rede me permitiu interagir e colaborar com pares em diferentes instituições, níveis de formação e áreas. Esta heterogeneidade e multidisciplinaridade são fatores marcantes em minha formação. Ter feito pós-graduação na UFMG definitivamente foi um diferencial na minha vida profissional. O nome PPGCC do DCC/UFMG é um verdadeiro cartão de apresentação. Por onde passei é unanimidade o respeito e a credibilidade que se tem pelos profissionais formados no programa e na instituição”, afirmou.
Como diversos alunos, Bruno passou por alguns “perrengues” e desafios. “Quando cheguei ao DCC/UFMG, tive alguns problemas em relação à bolsa de mestrado. Quando esses problemas foram descobertos, tive que ir ao DCC e voltar em casa quatro vezes – eu morava a 20/30 minutos andando do DCC. Nessas idas e vindas, passei, segundo um amigo, pelo “crivo master de perrengues” de ser aluno da UFMG. Segundo esse amigo, para fazer realmente parte da UFMG, todo bom aluno(a) tem que passar pelos seguintes perrengues: i) chorar na UFMG (de alegria e de tristeza); ii) tomar chuva ou ficar ilhado com compromisso marcado; iii) cair ou tropeçar nos caminhos da UFMG; iv) ser o último(a) da fila quilométrica do RU. Por infortúnio meu, passei por todos os eventos em um dia só. Existem outros eventos dessa lista, mas o mais importante é o último: v) os perrengues passam e o que realmente importa e é positivo, fica!”, contou sorrindo.
Já desafios, conforme Bruno, foram vários também. “Um dos principais desafios impostos pelo DCC/UFMG, na minha época, foi a qualificação do processo de doutoramento. A qualificação da minha época era composta por quatro exames que cobriam conteúdos de áreas diversas da Computação. Me recordo que passei o primeiro ano estudado basicamente para esses exames. Os grupos de estudo me ajudaram bastante, e, além dos conhecimentos adquiridos, bons laços de amizades foram forjados ali na base dos estudos! Durante esses momentos de qualificação, não conseguia entender a importância daqueles exames. Atualmente percebo que, apesar do desafio e perrengue, aqueles exames foram fundamentais. Hoje, por exemplo, uso conhecimentos adquiridos durante os exames de qualificação em minhas aulas e nas associações de conteúdos multidisciplinares em frentes de pesquisa, ensino e extensão. Outro desafio para mim foi construir habilidades de leitura, escrita e fala em outros idiomas. Tive uma formação básica deficitária em outros idiomas. Entretanto, o DCC me deu um motivo para construir essas habilidade e o projeto de Ensino de Línguas Estrangeiras do CACS/UFMG me proveu as técnicas necessárias”, relatou.
Para aqueles que desejam entrar no DCC, ou já estão, Bruno recomenda que sejam sempre curiosos. “Seja uma pessoa curiosa. Aplique essa curiosidade em tudo na sua vida estando ou não no DCC/UFMG. Aproveite cada segundo para contribuir e absorver tudo aquilo que o DCC e a UFMG podem te oferecer, há muito espaço para isso na instituição. A cooperação e a multidisciplinaridade se mostraram como bons caminhos para mim, talvez sejam úteis para você também. Explore interseções de áreas de pesquisa! Divida seus problemas (não só os de pesquisa!) com outros, tome e dê opiniões. Eu estou à disposição também, vai dar certo!”, disse sorrindo.
Segundo o ex-aluno, constantemente alguns recortes em fatos e frases vêm à memória quando pensa na época em que esteve no DCC. “O professor Loureiro sempre mencionava para seus alunos o problema do sorvete. O problema consiste, na minha interpretação do que foi dito, em uma pessoa que gosta muito de sorvete que vai à sorveteria. Ao chegar lá, ela não sabe qual sabor de sorvete escolher, pois gosta de todos. Nesta situação, toda solução é interessante e agradável. Assim, escolha um e aprecie. Eu associei essa fala aos diversos problemas interessantes que a Computação trás para a própria Computação, para outras áreas do conhecimento e para a sociedade. Durante os processos de mestrado e doutorado, os problemas (sabores de sorvete) são relevantes, já que irá apreciá-los por anos, no mínimo dois e quatro anos. Mas os fundamentos dos processos de mestrado e doutorado são os mais importantes, pois após essa fase de formação, você poderá apreciar novos problemas de pesquisa, ou seja, novos sabores, e saber os fundamentos para lidar com eles é a chave. Uma das pessoas que mais vibraram com minha formação foi a Dona Neuza que trabalha no café/copa. Ela falou assim para mim: “eu estou muito feliz e realizada por você ter conseguido”. Nunca esquecerei. Eu entendi cada letra que ela realmente quis dizer. A qualificação do doutorado definitivamente foi “um divisor de águas” durante minha trajetória. Tive que estudar bastante para preencher lacunas de conhecimentos sobre Computação que não tive a oportunidade de aprender durante a minha graduação, mas valeu muito a pena”, concluiu.
Para o professor Marcos Vieira, Bruno foi um excelente aluno. “Foi um privilégio poder ter trabalhado com o Bruno, ele foi um dos melhores alunos na turma da disciplina que lecionei na pós-graduação, chamada Sistemas em Rede. O trabalho da disciplina gerou uma publicação internacional no IEEE Wireless Communications and Networking Conference (WCNC), em 2015. Ele se mostrou ser um aluno que se interessa pelo processo de pesquisa. Depois, continuamos trabalhando juntos. Nós já publicamos juntos em três periódicos internacionais. Também tive o prazer de participar da banca de mestrado e de doutorado dele. Bruno se interessa em participar de pesquisa em temas relevantes e atuais. Por exemplo, nós publicamos um minicurso no Simpósio Brasileiro de Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos (SBRC 2016), que já possui mais de 200 citações (Google Scholar)”, contou orgulhoso.
Segundo o professor Luiz Filipe, Bruno é uma pessoa dedicada, empenhada e com muita capacidade. “Bruno foi um excelente aluno, aprendeu bastante no programa e hoje se tornou professor. É mais um caso de sucesso do programa de pós-graduação da Ciência da Computação. Foi capaz de fazer o mestrado e gerar publicações relevantes, mostrando ter desenvolvido seu raciocínio crítico. Desejo a ele todo sucesso e espero que ele ainda faça parcerias de pesquisa comigo (risos)”, falou.
Já o professor Loureiro, que também conheceu o Bruno quando ingressou no PPGCC/UFMG para fazer o mestrado, com a orientação dos professores Luiz Filipe e Marcos Augusto. Na época, o professor dividia a sala com o Luiz Filipe e encontrava com o Bruno regularmente, escutando-o durante as reuniões que tinha com o orientador. “Sabia que o Bruno tinha vindo da Bahia para estudar na UFMG e o considerava o baiano mais mineiro que já havia conhecido. Tinha voz calma, falava baixo, prestava muito atenção nas discussões e colocava a sua opinião. Ou seja, a imagem do mineiro! Quando estava para terminar o mestrado, Bruno me procurou para fazer o doutorado comigo. Já o admirava e fiquei muito honrado em poder trabalhar com ele. Acertamos que o Luiz Filipe também participaria da orientação, dado o tema do trabalho que Bruno pretendia seguir. Claramente ele já mostrava o seu perfil de pesquisador, que ficou ainda mais evidente durante o trabalho de tese. O Bruno é claramente um acadêmico: é pesquisador e educador e se preocupa com essas duas atividades acadêmicas, dando sempre o melhor de si. Como pessoa, ele sempre foi bastante agregador e colaborou com colegas durante o seu doutorado. Essas cooperações ainda continuam, apesar dos caminhos diferentes que ele e outros amigos/parceiros tomaram. Tenho certeza de que o Bruno, agora professor da UFBA em Salvador, abrirá caminhos para os seus e outros alunos, valorizando o que há de mais importante em uma universidade: a formação de pessoas capacitadas a atuarem em alto nível profissional, que se preocupam com valores éticos e morais que os tempos atuais tanto exigem. Fico muito feliz em ver a trajetória acadêmica que o Bruno estabeleceu e espero que ele inspire outros colegas a seguirem o modelo que se tornou”, disse orgulhoso.
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