Raquel Aoki cursou o mestrado no Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, no período de 2015 a 2017. Orientada e coorientada pelos professores Renato Martins Assunção e Pedro Olmo Stancioli Vaz De Melo, respectivamente, a ex-aluna graduou-se em Estatística, também na UFMG e, por isso, no início da pós sentiu-se insegura em algumas matérias. “Quando entrei no DCC foi muito intimidador, ao ponto que passei alguns meses estudando algumas disciplinas antes mesmo de começar o primeiro semestre. Mas quando comecei o mestrado, foi uma comunidade muito acolhedora e suportiva, do pessoal da secretaria aos professores e aos colegas. Isso foi essencial para minha adaptação no Departamento e na Ciência da Computação”, contou.
Porta de entrada para a tecnologia e a computação da vida da Raquel, o mestrado, segundo ela, fez com que muitos de seus sonhos se tornassem realidade, como morar fora e trabalhar para grandes empresas de tecnologia. Ao mesmo tempo, de acordo com a ex-estudante, as conversas com colegas e professores também abriram a cabeça para várias outras oportunidades. “O DCC teve um papel fundamental na minha história. Além de ser um dos Departamentos de Computação de maior renome no Brasil e na América Latina, com ex-alunos ocupando cargos em companhias de grande prestígio no Brasil e no exterior, sua fama me ajudou a ser aprovada no doutorado no Canadá e a fazer estágios de verão durante o doutorado”, afirmou.
Raquel começou a trabalhar como estatística, uma área que é muito grata e tem boas lembranças. Hoje está no último ano do PhD em Computer Science pela Simon Fraser University, no Canadá. Recentemente, assinou um contrato para começar a trabalhar como Machine Learning Researcher na Borealis AI, um centro de pesquisa do Royal Bank do Canadá (RBC). “Depois de um tempo, percebi que alguns dos projetos e áreas que gostaria de trabalhar envolviam mais programação e Machine Learning. Embora tivesse um conhecimento sólido em Estatística, me faltava a programação e o conhecimento em como os projetos de Machine Learning eram desenvolvidos. Isso me levou a fazer o mestrado no DCC e, logo depois de terminar o mestrado, consegui um emprego como cientista de dados em uma startup. Além disso, o professor Renato me incentivou muito a tentar o doutorado no exterior. Ele foi um grande mentor, e teve um papel fundamental no processo de aplicar para universidades no exterior. Em março de 2017, finalmente recebi a notícia de que tinha sido aceita na universidade em que estou atualmente, e em agosto de 2017 me mudei para Vancouver, no Canadá. Atualmente, estou nos últimos meses do doutorado, prestes a começar um novo emprego como Machine Learning Research e morando em uma cidade que amo”, relatou feliz.
Segundo Raquel, se não tivesse passado pelo DCC teria perdido a oportunidade de conhecer as pessoas com quem conviveu, além de que não teria sido indicada por um colega de mestrado e conseguido o primeiro emprego como cientista de dados. Além disso, conforme ela, não teria tido o professor Renato Assuncao como orientador, a quem é muito grata pelo doutorado que conseguiu no Canadá. “Se não tivesse passado pelo DCC, minha trajetória para conseguir empregos na área que tanto gosto provavelmente teria sido mais lenta, e a mudança para Machine Learning talvez nunca tenha acontecido. Provavelmente ainda moraria no Brasil. Como minha graduação foi em Estatística, não me sentia muito confiante com meu conhecimento em programação. Então, para compensar, estudei Algoritmos e Estrutura de Dados (AEDS) 2 e 3 antes de fazer Projeto e Análise de Algoritmo (PAA) e, no final, realmente me ajudou”, disse.
Para quem está na dúvida se entra ou não no DCC/UFMG, Raquel afirma que não haverá arrependimento. Já para quem está dentro, também tem algumas dicas. “Se você ainda está em dúvida te digo: será difícil, será puxado, mas no final, vale a pena. Agora, se já entrou, lembre-se que parte do que leva quando sai do DCC é a comunidade, as pessoas que conhece quando passa pelo Departamento. Procure conhecer as pessoas, colegas do Laboratório que trabalha e de outros, pessoas que fazem disciplinas com você. A maior parte das oportunidades que encontrei foram recomendações de pessoas que conheci na universidade; como indicações para trabalho, troca de experiência para morar no exterior, troca de experiência sobre processos seletivos. A energia do DCC é incrível. As pessoas são extremamente motivadas, alunos, professores e servidores. A vontade que todo mundo tem em aprender novas tecnologias e melhores formas de resolver problemas é inspirador”, concluiu.
Segundo o professor Pedro, ser docente da Raquel foi uma grande alegria. “Tive a felicidade de ser professor da Raquel em duas disciplinas (AEDS 1 e Teoria dos Jogos) e também em ser seu coorientador de mestrado. Digo felicidade porque a Raquel se destacou em todas as atividades que realizou sob a minha supervisão, tanto como aluna de disciplina, em que ficou com conceito “A” nas duas, quanto como aluna de mestrado. O seu mestrado foi um dos mais gratificantes que tive a oportunidade de colaborar. Raquel foi uma das poucas alunas de mestrado brasileiras que conseguiu publicar um artigo na melhor conferência de mineração de dados do mundo (SIGKDD), artigo esse que gerou diversas matérias na mídia tradicional. Além disso, foi impressionante ver a dedicação e a capacidade da Raquel em cada reunião semanal. Ela realizava com maestria tudo que era pedido e sempre apresentava algo a mais. Isso inclui tarefas de coleta de dados, análises estatísticas, criação de novas métricas e experimentos, implementação de algoritmos de aprendizado de máquina, escrita de relatórios, entre outras. Como disse acima, é uma aluna que se destaca em tudo que faz! O seu feito é ainda mais impressionante considerando que trabalhou meio período durante todo o mestrado.
Outro aspecto que o professor Pedro destaca sobre a ex-aluna é a sua personalidade. “A Raquel é uma pessoa muito tranquila, calma e bastante focada. Por mais desesperadores que tenham sido algumas de nossas reuniões, seja em termos de resultados não muito promissores, ou em termos de volume de trabalho que deveria ser feito em pouco tempo disponível, ela sempre se mostrava calma e disposta a trabalhar, e somente trabalhar, sem reclamar, para alcançar os seus objetivos. É com muita felicidade que vejo o sucesso da Raquel hoje, fazendo o doutorado na universidade de Simon Fraser sob a supervisão do professor Martin Ester, um expoente da área de mineração de dados e também de aprendizado de máquina. Tenho certeza de que a Raquel irá alcançar muitos outros feitos impressionantes em sua carreira como pesquisadora”, contou orgulhoso.
Também muito orgulhoso da ex-aluna, o professor Renato Assunção contou que Raquel acumulou prêmios acadêmicos desde muito jovem, a partir dos 15 anos, incluindo várias medalhas em anos sucessivos na Olimpíada Brasileira de Matemática. “Conheci a Raquel por volta de 2016, quando dava uma aula de Matemática Discreta para alunos de Ciência da Computação e ela era aluna de Estatística, tendo a aula como um projeto pessoal paralelo. Depois de terminar a graduação, Raquel decidiu mudar para Ciência da Computação e se inscreveu com sucesso em nosso programa de mestrado. Uma excelente aluna, destacou-se em todas as disciplinas que cursava. O fato de ter formação em Estatística e não em Ciência da Computação não foi um impedimento para estar entre as melhores alunas de sua turma”, relatou.
Durante o mestrado, segundo o professor Assunção, Raquel foi inovadora e criativa. “Ela é a principal autora de um artigo apresentado no KDD2017, uma das melhores conferências na área de Machine Learning, uma enorme realização para qualquer pesquisador sênior, imagine para uma aluna de mestrado. Ela coletou um grande banco de dados, com jogos de milhares de temporadas de vários esportes diferentes e desenvolveu um novo método para decompor a mistura de sorte e habilidade nos esportes. Alguns dos resultados são surpreendentes, mostrando que mesmo esportes altamente competitivos têm uma grande dose de aleatoriedade. Considerando especificamente a liga profissional de basquete dos Estados Unidos, Raquel propôs um modelo generativo bayesiano para explicar o componente de habilidade usando várias características relacionadas aos jogadores e aos times. Ela foi capaz de resolver vários problemas difíceis para executar o método Monte Carlo via cadeia de Markov (MCMC) para aprender a distribuição posterior dos parâmetros envolvidos em seu modelo”, descreveu.
Para o professor Renato, durante o ano em que Raquel trabalhou nesse problema pôde verificar o quanto ela cresceu como pesquisadora. “Do início típico de estudante, quando as ideias e propostas eram feitas timidamente, rapidamente a Raquel subiu para um novo padrão, sugerindo com ousadia novos caminhos e ideias para o trabalho. Ela acabou como líder do projeto e é merecidamente a primeira autora do artigo KDD. Raquel foi aceita com apoio financeiro completo na Simon Fraser University (SFU). Sei que ela está indo bem no meio dos professores da SFU. Ela mudou completamente a área de pesquisa e se envolveu com descoberta causal aplicada a problemas biológicos e genéticos, sob a orientação do professor Martin Ester, uma super estrela de Machine Learning. Agora, já está à beira de terminar e ficará de vez trabalhando em Vancouver, uma das cidades mais lindas do mundo”, contou orgulhoso.
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