Graduada em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 1988, Patrícia Valéria Corrêa Bicalho teve o primeiro contato com o Departamento de Ciência da Computação (DCC) enquanto estagiou no antigo Laboratório de Técnicas Digitais. Logo que se formou, foi para o mercado de trabalho na área de semicondutores, mas em pouco tempo sentiu falta de se aprofundar nos estudos e investir na pesquisa, sua grande paixão. “Queria experimentar o mercado de trabalho, por isso aceitei o cargo de engenheira de desenvolvimento na área de microeletrônica e pesquisa. Mas me encantei com os profissionais extraordinários que via no Laboratório e sentia falta dos estudos e, por isso, resolvi voltar para a academia e fazer o mestrado no DCC”, contou.
Apesar de não entender quase nada de programação, Patrícia tinha o encanto plantado enquanto esteve no Laboratório e o exemplo de colegas que foram para o DCC. Assim, conciliando o emprego com os estudos, ingressou na Ciência da Computação para enfrentar o desafio. “Não tinha muita expectativa em passar na seleção para o mestrado, mas passei. A primeira matéria que fiz, Rede de Computadores, foi com o professor José Marcos Silva Nogueira, que também orientou a minha tese. Foi um choque o primeiro trabalho que nos passou, não sabia por onde começar. Computador em casa era uma raridade e eu não tinha, consegui emprestado e passei o final de semana debruçada para finalizar, mas entreguei no prazo. Nunca esqueci isso, marcou a minha vida e me ensinou muito. É o momento em que você amadurece, percebe que tem que cumprir os compromissos e sempre dar o melhor de si”, relembrou.
Bicalho conta que no DCC aprendeu a lidar com diversas situações que a fizeram crescer, já que se deparou com desafios que a tornaram mais determinada, focada e forte para se superar e vencer. Ao mesmo tempo, ressalta que as dificuldades vividas moldaram a técnica e a pessoa que se tornou. “O DCC me deu base para que eu seguisse a minha profissão e agarrasse todas as oportunidades. Professores e colegas que tive foram também responsáveis pelo que sou hoje, me ajudaram a descobrir que sou capaz de chegar e vencer. Conto sempre para o meu filho, como exemplo, que os desafios estão aí para serem vencidos, eu os venci e ainda os venço. Sempre brinco também com colegas do trabalho. Por mais que o problema seja complexo, por mais que não saibamos no momento qual a solução, conseguiremos achar a solução e vencer no momento preciso”, descreveu.
O projeto que Patrícia participou e considera um dos mais importantes, inclusive a levou a efetivar-se na empresa, foi desenvolvido junto à antiga Telemig, onde substituíram o sistema de supervisão da instituição. Com uma equipe de extrema experiência e grande conhecimento, segundo Bicalho, aprendeu muito e pode aprimorar seus conhecimentos, a tornando uma profissional mais qualificada. “Para ser bom tem que se aliar e se cercar a pessoas boas, que te desafiam e te instigam. O DCC me proporcionou esse ambiente e me deu a base para que eu pudesse seguir e agarrar outras oportunidades”, relatou.
Por motivos familiares, Patrícia morou em vários locais, no Brasil e nos Estados Unidos, onde atualmente reside e trabalha. “Meu desenvolvimento profissional foi super interessante, sendo moldado pelas escolhas que eu e minha família fizemos a fim de ter uma exposição internacional, com mais diversidade e crescermos em diferentes culturas. Tive a oportunidade de residir em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba, no Brasil, e Chicago e Charlotte nos Estados Unidos. Fui convidada e aceitei trabalhos desafiadores, alguns, inclusive, em áreas que nunca havia atuado, como redesenho de processos, logística, compras e análise de risco, em diferentes indústrias como automotiva, mineração e financeira. As oportunidades vieram muito em função da bagagem, raciocínio lógico e conhecimento de sistemas adquiridos e desenvolvidos durante o meu mestrado” afirmou. Bicalho acrescentou, “Olhando de uma perspectiva externa, pode até parecer que não há uma conexão com a minha formação, mas hoje vejo claramente que tudo se interliga, pois continuo a utilizar os conhecimentos adquiridos no DCC. Tenho desenvolvido uma carreira super interessante no Banco Wells Fargo, aqui nos EUA, onde atuo na área de análise de risco e tenho a certeza de que a minha formação no DCC está sendo fundamental”, garantiu.
Durante o mestrado, segundo Bicalho, os professores e colegas foram de suma importânica. “Não sei se os professores e colegas do Departamento sabem o tanto que eles contribuíram para a minha formação e a diferença que fazem para todos que estão à sua volta, foram fundamentais”, concluiu.
Para o professor José Marcos, Patrícia se tornou uma amiga e, enquanto aluna, era super dedicada, competente e focada. “Nos tornamos amigos, inclusive da família, e mantemos contato até os dias de hoje. Patrícia fez o trabalho do mestrado como parte de um projeto denominado SIS — Sistema Integrado de Supervisão. Este projeto foi desenvolvido através de um convênio do DCC/UFMG com a Telemig. O sistema visava atender as necessidades de integração dos sistemas de supervisão da planta atual de telecomunicações, instalada no estado de Minas Gerais e na área de atuação da empresa, assim como da planta futura”, relembrou.
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