Com a história iniciada no Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) em 1999, Juliano Santos, já chegou na graduação lendo um texto durante apresentação dos calouros organizada pelo Centro de Estudos da Computação (CEC). “Fui convidado “gentilmente” pelos veteranos a ler um texto. “- Calouro de Marliéria, cadê você? Sabemos que está ai!”, disse o “Anício Mala” olhando para a plateia de calouros assustados. O Edré, meu veterano e conterrâneo da cidade natal de toda a minha família, Marliéria, interior de Minas Gerais, já tinha dado a dica aos veteranos. Fiz o segundo grau em Técnico em Informática, em Coronel Fabriciano e, quando vim para BH fazer cursinho e vestibular, já trabalhava com desenvolvimento de software. Trabalhei na empresa do saudoso professor do DCC Christiano Gonçalves Becker e já tinha alguns colegas de trabalho e amigos que eram alunos do Departamento”, lembrou.
Segundo o ex-aluno, os dois primeiros semestres foram mais tranquilos, com as matérias do ciclo básico. Tendo como rotina o trabalho como DEV pela manhã, aulas à tarde e Biblioteca Central à noite. Juliano juntou-se aos “Desmaiados”, um grupo de estudos que nasceu com outros alunos da sua turma e que são amigos até hoje. “Diego, Crocha, Robert, Stenio, Issa, Habib, Pablo e as GisaBela (Gisele e Isabela), esse grupo seguiu firme deste a graduação até o mestrado e, alguns, foram adiante no doutorado. Mesmo depois de formados, costumamos fazendo pelo menos um encontro anual, fora os casamentos, festas de filhos ou outros eventos. Infelizmente os encontros estão bem raros com a pandemia”, contou.
No terceiro período, Juliano teve a oportunidade de trabalhar com pesquisa, já que foi convidado pelo professor Wagner Meira Júnior, seu orientador na graduação, depois de fazer a matéria AEDS3, para trabalhar no Laboratório e-Commerce System Performance Evaluation and Experimental Development (e-SPEED). “Sai do emprego e minha rotina virou o DCC em três turnos. Chegava ao Departamento de chinelo, sem cortar o cabelo e não tinha hora para ir embora. Não foram poucas as vezes que pedimos um X-Bacon do Ximbela, às 23h, porque o trabalho ainda ia durar. Depois de comer tínhamos de dar um tempo, já que era impossível trabalhar depois daquela bomba de bacon (risos). Chegamos a fazer filmes caseiros da nossa rotina, um projeto que poderia ter sido um sucesso se tivéssemos um roteirista melhor, eram muito bons. “Onde está o Meira!” é um clássico. Essa foi uma experiência muito rica. Trabalhava com alunos do mestrado e doutorado, ajudando a desenvolver experimentos, fazer análise de dados e escrita de artigos. Além dos projetos especificamente de pesquisa, estive envolvido em projetos de implantação de software livre em escolas da prefeitura de Belo Horizonte e na Caixa Econômica Federal (CAIXA)”, relatou.
Outra experiência do ex-aluno no DCC foi a participação na Empresa Júnior da Computação. Praticamente desativada, foi reativada após a proposta do Crocha, colega de sala do Juliano, com o apoio do professor Becker. “Conseguimos uma sala e pegamos alguns projetos. Fazendo a disciplina dele, desenvolvemos um Plano de Negócios (hoje é só um pitch) da empresa Júnior. Ganhamos posteriormente um prêmio deste plano em um evento do Sebrae. Também fomos ao Encontro Mineiro de Empresas Jr., ótimo tanto na parte de agregar conhecimentos quanto na diversão. Conhecemos pessoas sensacionais de outras empresas Júnior da UFMG e de todo o país”, disse.
Juliano sempre se envolveu na comunidade do DCC. Foi presidente do CEC, ajudou na organização de eventos de integração dos alunos, como o famoso churrasco “Computassando!”, a caravana do SBC/ENEC e até auxiliou na criação do Encontro Mineiro de Estudantes, que teve primeira edição na UFMG em parceria com o DA da Computação da PUC-Minas.”Também reativamos o concurso do(a) MALA, para prestigiar os alunos mais… acho que é autoexplicativo (risos). Fui colaborador do Álbum de Figurinhas do Campeonato do DCC, e sou membro do Javalis (time da turma de 99/2) até hoje, apesar de o futebol não ser o meu forte… Também faço parte de outro grupo de alunos, “a Grad987”, com alunos de vários anos. Já fizemos várias viagens, inclusive passamos vários carnavais em Diamantina, e ainda mantemos contato. Nos eventos, projetos e viagens conheci alunos de vários períodos do curso do DCC e de outras Universidades. Tenho vários “causos” dos eventos das festas de confraternização, que em geral tinham overflow de consumo de cerveja (risos). Todos esses contatos encontrei depois no mercado. Todo o network desta época é válido até hoje, quase sempre tem algum outro ex-aluno do DCC nas empresas nas quais trabalhei ou me envolvi”, ressaltou.
Juliano terminou a graduação em 2003 e iniciou o mestrado em 2004. Continuou no e-Speed com a orientação do professor Meira e depois, no mestrado, com o professor Renato Antônio Celso Ferreira, o “Gordo”. Segundo o ex-aluno, o trabalho teve uma mudança de rumo no segundo ano e foi bem apertado. Ao final do mestrado, por volta de 2005, começou um projeto com mais quatro colegas para criar uma empresa. “Eu, Diego, Robert e Hugo criamos a SWL, que ofertava serviços de implantação de Software Livre. Ainda na incubação da empresa, ela “pivotou” (termo adotado somente alguns anos depois) para a Base2, que presta serviços de qualidade e testes de software. A empresa cresceu de quatro para umas 20 pessoas e saiu da incubadora. Ao final de 2011, saí da Base2 e voltei para o mercado. Em 2012 voltei ao DCC, para o Laboratório São Tomé, e trabalhei com os professores Márcio Luiz Bunte de Carvalho e Osvaldo Sergio Farhat de Carvalho para desenvolver soluções para o Ministério da Saúde. Depois ainda estive em outras empresas e, hoje, trabalho no Banco Inter, como coordenador de Tecnologia da Informação, convidado pelo Davidson, com quem trabalhei no São Tomé/DCC. E claro, quando cheguei e precisei montar meu time, fui em busca dos meus antigos contatos do DCC”, contou.
Segundo o ex-estudante, sua trajetória pessoal e profissional está entranhada no DCC, seja estudando, trabalhando ou se divertindo com amigos feitos desde a graduação. “Tenho muito orgulho de ter estudado na UFMG e no DCC. Aproveitei ao máximo o que a academia e a comunidade tinham a oferecer. Muita pesquisa, muito trabalho pesado e várias festas. Acredito que uma boa vida tem de ter esse tipo de equilíbrio. Agora estou em uma nova fase, usando uma frase do Xandão, também ex-DCC: “eu trabalho com TI para bancar meus vícios: minha filha, minha Kombi e o circo”, concluiu.
Segundo o professor Meira, intensidade é um bom adjetivo para o ex-aluno, um dos melhores exemplos que conheceu em termos de viver a UFMG e o DCC em todos os sentidos. “Lendo o depoimento do Juliano temos a impressão de que apenas se divertiu na Universidade. Mas não era apenas diversão, embora a convivência com ele e os colegas fosse muito divertida. Ele foi um expoente de uma geração extremamente competente em tudo que fez, do tipo de aluno que não tinha medo de projeto ou trabalho prático a ser feito, tudo entremeado com os inesquecíveis “Splama Vídeos”. Essa personalidade pessoal e profissional acabou sendo determinante para uma carreira de sucesso até o momento e com perspectivas cada vez melhores, mas sem abrir mão da alegria, do companheirismo e da amizade com todos. Mas, até hoje, não conseguiram me localizar (risos)”, finalizou.
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