Natural de Belo Horizonte, Matheus Henrique do Nascimento Nunes estudou no SESI no ensino fundamental e médio, onde havia a cultura de ingressar no curso técnico durante o ensino médio. Assim, já que sempre teve interesse em tecnologia, escolheu fazer o técnico em informática. Como gostou muito do curso, optou por seguir na área e fez o vestibular na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para Ciência da Computação e, cedendo a algumas pressões, também no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), para Engenharia da Computação. “Eu não tinha dúvidas, minha opção era Ciência da computação, ainda mais pela reputação que já sabia do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, sendo um dos melhores do país e logo na minha cidade natal?! Minha vontade era apenas prestar o vestibular da UFMG, mas, por pressão, cedi e prestei também no CEFET também. Passei nos dois, mas a escolha novamente foi muito fácil. A UFMG sempre exerceu um fascínio sobre mim, e entrar foi uma das maiores conquistas da minha vida”, contou.
Matheus entrou no DCC/UFMG em agosto de 2013 e saiu em dezembro de 2021, após o mestrado em Ciência da Computação. No período em que esteve no Departamento, foi orientado na primeira Iniciação Científica (IC) pelo professor Eduardo Figueiredo, que foi interrompida em 2015, já que o ex-aluno foi para o Canadá por meio do programa Ciência Sem Fronteiras. Ao retornar do intercâmbio, em 2016, Matheus iniciou outra IC, desta vez no Laboratório Wireless Networks (WiNet), no projeto FUTEBOL. Lá foi orientado pelos professores Daniel Fernandes Macedo e José Marcos Silva Nogueira. Matheus também conviveu bastante com o professor Newton José Vieira, atualmente aposentado. O docente lecionava Matemática Discreta e, segundo o ex-aluno, sempre foi muito solícito, gentil e um excelente professor. “O professor Newton me tirou muitas dúvidas e se tornou um amigo, até na casa dele fui. Depois da experiência como seu aluno, em Matemática Discreta, ele iria se aposentar no semestre seguinte, aí pedi para esperar a minha turma chegar em “Fundamentos de Teoria da Computação”, porque ele ministrava essa disciplina também e eu queria ter aula com ele novamente. Ele esperou e se aposentou posteriormente. Foi muita alegria”, contou. Já no mestrado, Matheus foi orientado pela professora Gisele Lobo Pappa. Atualmente, o ex-estudante é engenheiro de software na Google, em Belo Horizonte.
De acordo com o professor Newton, Matheus é um menino muito educado e que demonstrava um alto nível de preocupação em fazer o melhor possível durante o curso. Infelizmente, não tive a oportunidade de conviver muito mais pessoalmente com ele, pois, como ele mesmo disse, estava no processo de me aposentar. Espero que ele esteja bem e que tenha tido progressos profissional e pessoal de acordo com seus sonhos. O sucesso de meus ex-alunos são minha razão de ter existido”, afirmou.
Segundo Matheus, o DCC/UFMG foi muito importante para sua formação profissional. “Por ser um Departamento de alto nível, a exigência é muito alta. Não foi fácil no início, admito que tive muita dificuldade. Porém, perseverando, senti os efeitos quando saí para fazer o intercâmbio em uma das melhores universidades do mundo, a University of British Columbia, no Canadá. Achei que ia passar muita dificuldade lá, mas acabou que nem senti tanta diferença. O DCC/UFMG me preparou completamente para os desafios que vivi, e ainda vivo, tanto no intercâmbio quanto na vida profissional”, afirmou.
De acordo com o ex-aluno, o DCC impulsionou sua carreira de uma maneira em que poucos outros lugares poderiam. “Encontrei desafios imensos, mas com eles tive a oportunidade de crescer pessoalmente e profissionalmente. Também por ser um Departamento reconhecido nacional e internacionalmente, a visibilidade que os alunos do DCC/UFMG têm, tanto na academia quanto no mercado, é inegável. O DCC também proporciona contatos com empresas de ponta, como a Google, onde estou agora. O DCC representa, para mim, um lugar onde pude crescer de várias maneiras. Foi um lugar de muitos aprendizados, muitos perrengues, muita diversão, mas, principalmente, muito acolhimento. Me sentia parte do Departamento. Prova desse acolhimento é que apesar de ter escolhido um tema que não é muito a área da professora Gisele (Machine Learning em Grafos), ela me acolheu com todo o seu conhecimento e atenção, ao ponto de conseguirmos achar uma interseção com a área dela e que funcionou bastante. Acabamos publicando uns três papers juntos”, relatou.
Segundo a professora Gisele, apesar de começar a trabalhar com o Matheus somente no mestrado, em 2019, ela já o conhecia como aluno das disciplinas do DCC. “Sempre digo que tenho muita sorte com meus alunos de pós-graduação, que além de muito bons tecnicamente, têm características que fazem deles pessoas únicas e especiais. Com o Matheus não foi diferente! Ele sempre foi daqueles alunos que você corre para não ficar para trás. Tem muita iniciativa, vontade de aprender e está sempre disposto a ajudar os colegas. Ele também tem um lado humano que faz a diferença: está sempre de bom humor, tem sempre uma preocupação com o outro, características que nem sempre a gente vê nos dias de hoje. Tenho muito orgulho de ter trabalhado com ele e poder ter contribuído um pouquinho em sua formação. Brinco que é mais um que o Google me roubou, mas fico muito feliz em saber que ele está se realizando profissionalmente!”, disse orgulhosa.
Matheus viveu momentos marcantes no DCC/UFMG, mas, segundo ele, o que mais o marcou foram as amizades. “Encontrei pessoas maravilhosas, que me ajudaram muito e foram muito especiais para mim. Apesar de ser um lugar onde passamos momentos difíceis, podemos contar uns com os outros, e isso é o que importa. Para quem deseja entrar no DCC/UFMG ou já está, meu conselho seria: “Não desista.” Antes de entrar e durante minha estada no Departamento, essa foi a frase que mais ouvi e mais falei: “Não desistir”! Para mim foi a chave para passar no vestibular, conseguir a aprovação em disciplinas, entregar artigos nas datas e entregar a dissertação. Sempre segui pensando o mesmo: “Não desista”. No final vai valer a pena”, garantiu.
Conforme Matheus, valeu muito estar e estudar no DCC/UFMG, mas as coisas não foram somente flores, pelo contrário, houve momentos de “perrengues” divertidos e outros nem tanto. “Durante o mestrado, fui representante discente da pós, de 2019 a 2020, junto com a Evellyn Cavalcante. Durante a nossa gestão fizemos várias coisas novas, inclusive a primeira Festa Junina do PPGCC. Organizar a festa deu um trabalhão!! Fizemos tudo de última hora. Tive que carregar várias coisas nas costas (com a ajuda de outras pessoas também, claro, não sou o homem de ferro (risos))! Carregamos botijão de gás, fogão, churrasqueira, até uma geladeira. Foi um desafio imenso! Mas valeu muito a pena ver as pessoas se divertindo no evento. Compareceram alunos, professores e até funcionários. O evento foi na árvore do DCC. Tínhamos permissão de ficar até a meia noite, mas… (risos). Uma coisa chata que aconteceu foi o racionamento de energia, em 2019, por conta dos cortes de orçamento destinados à verba discricionária das universidades federais. A UFMG enviou um ofício para todas as unidades, pedindo a todas que limitassem o uso de energia, principalmente em horários de pico, pois a estava tendo problemas em pagar as contas. Isso no DCC/UFMG se traduziu em desligar os aparelhos de ar-condicionado que não fossem extremamente essenciais (como os que ficam em salas com servidor). Isso aconteceu durante uma onda de calor fortíssima no verão, quando as temperaturas estavam batendo 36ºC. Estava inviável trabalhar sem ar-condicionado. Lembro que um dia todos os alunos do meu Laboratório, e dos Laboratórios vizinhos, puxaram as cadeiras e foram trabalhar no corredor do prédio, já que lá pelo menos passava um vento de vez em quando. Foi uma época bem difícil, e imagino que continue sendo, com cada vez mais cortes no orçamento”, desabafou.
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