Dados compilados da Plataforma Lattes abastecem estudos sobre a ciência no país e revelam tendências
A Plataforma Lattes, que reúne mais de 4 milhões de currículos acadêmicos, tornou-se fonte de informações para um número crescente de pesquisadores que buscam dados sobre a ciência brasileira a fim de estudar seus fenômenos e tendências. Criado em 1999 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o sistema de currículos registra a trajetória e a contribuição de cada estudante, técnico e pesquisador do Brasil e fornece ao governo e a agências de fomento informações sobre produção científica, participação em projetos e orientações e supervisões, entre outros. Sua utilidade, porém, há tempos extrapolou a esfera da gestão, ajudando pesquisadores a produzir conhecimento original. “Raros países dispõem de uma plataforma com as atividades de sua comunidade científica como um todo”, diz Rogério Mugnaini, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo (USP).
Produção comparada
Laender e seu grupo têm uma extensa produção de artigos baseada em dados do currículo Lattes. Já publicaram papers sobre o perfil dos pesquisadores de ciência da computação e sua produção científica em comparação com a de colegas da América do Norte e da Europa. Também utilizaram dados do Lattes para organizar um portal na internet (www.cienciabrasil.org.br) onde é possível vislumbrar a produção dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs).
Uma queixa frequente de pesquisadores que trabalham com informações do Lattes é a dificuldade de obter diretamente do CNPq dados brutos da plataforma. Em abril, tornou-se mais complicado extrair informações do Lattes na internet, pois o CNPq introduziu um código de confirmação para cada consulta a currículos. Isso para evitar o crescente compartilhamento de dados da plataforma por sites comerciais. O CNPq tem como política fornecer a cada instituição os dados consolidados de seu corpo de pesquisadores, professores e alunos, mas o conjunto de informações da plataforma não é facilmente franqueado. “A abertura integral dos dados do Lattes seria importante para a comunidade científica. Não me refiro a currículos individuais, mas ao conjunto de dados e à atualização deles para que possamos tratá-los com mais facilidade”, diz Alberto Laender, da UFMG.
FABRÍCIO MARQUES | ED. 233 | JULHO 2015