Publicado em um dos principais periódicos mundiais da área de saúde pública, ambiental e ocupacional, o Bulletin of the World Health Organization (WHO), o artigo “Infodemics and health misinformation: a systematic review of reviews”, de autoria dos professores/pesquisadores Jussara M. Almeida e Marcos André Gonçalves, do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, além dos pesquisadores Israel Júnior Borges do Nascimento, Ana Beatriz Pizarro, Natasha Azzopardi-Mascate, Maria Björklund e David Novillo-Ortiz, procura comparar e resumir a literatura sobre infodemia e desinformação em saúde e identificar desafios e oportunidades para abordar as questões de infodemia.
Desde 2000, com a popularização da internet, o excesso de informação vem crescendo e, atualmente, está se tornando um fenômeno. Diariamente uma enxurrada de informações em diversos meios de comunicação, principalmente nas mídias sociais, abordam temas variados, com informações verdadeiras e, muitas delas, mentiras.
Durante o auge da pandemia da COVID-19, o termo definido como infodemia, ou seja, uma epidemia de informações, passou a ser vastamente usado, já que neste período, por desconhecimento do tema, a sociedade foi estimulada a consumir e compartilhar diversas informações, muitas delas inverídicas. Apesar de ter sido mais difundida durante o auge da pandemia, a infodemia não é um fenômeno novo. Criador do termo, o jornalista americano David J. Rothkopf o mencionou pela primeira vez ao escrever sobre a epidemia da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), no jornal Washington Post, em 2003.
Também a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu e classificou a infodemia, em 2020, como um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que torna difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. Assim, a desinformação, a desorientação, as teorias conspiratórias e as fake news são resultados negativos da infodemia.
De acordo com o professor Marcos, um dos maiores desafios na área de informação em saúde é ajudar a ciência e as pessoas a “separar o joio do trigo”, nos dados e informações existentes nas várias fontes de informação em saúde, desde as redes sociais até as bases oficiais de dados em saúde. “A difusão de dados falsos, irrelevantes, gera um nível de desinformação em saúde epidêmico e, em muitas situações, a sociedade tem regredido em termos de cuidados com a saúde a situações do início do século passado”, afirmou.
Segundo o estudo, a infodemia durante emergências de saúde têm um efeito adverso na sociedade. “São necessárias ações multissetoriais para combater a infodemia e a desinformação em saúde, incluindo o desenvolvimento de políticas legais, a criação e promoção de campanhas de conscientização, a melhoria do conteúdo relacionado à saúde nos meios de comunicação de massa e o aumento da alfabetização digital e em saúde das pessoas”, concluiu o professor.