Daniel Scaldaferri Lages, 43, é filho do saudoso professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), Newton Alberto de Castilho Lages, falecido em 1989, e da ex-secretária do Departamento, Maria Aparecida Scaldaferri Lages, conhecida por todos por Cida, aposentada no final de 2014. Durante anos Cida e Newton se dedicaram ao aprendizado e ao desenvolvimento dos alunos e do Departamento. Desde a infância, Daniel conviveu de perto com o clima da universidade e da computação junto aos pais, professores e funcionários.
Em 1996, quando o DCC completou 20 anos, foi criado o Núcleo de Memória Newton Alberto de Castilho Lages, que em justa homenagem póstuma leva o nome do pai do Daniel. Tal espaço abriga equipamentos e materiais de valor histórico criados e usados para o ensino da computação no DCC. “Newton era uma pessoa maravilhosa, muito inteligente, companheiro, muito querido por todos, conversávamos bastante e nos tornamos grandes amigos. Fomos companheiros de estágio no subsolo da Reitoria da UFMG, projetamos circuitos e programas de computador. Também fizemos o doutorado no mesmo Departamento na Universidade Estadual de Campinas, não tenho nem palavras pra dizer o quanto sinto falta desse amigo e o quanto ele foi especial. Tenho muitas lembranças boas e saudosas, sua perda foi e ainda é uma tristeza enorme, ele faz muita falta”, contou emocionado o professor José Marcos Silva Nogueira .
Já Cida, desde que se aposentou, faz muitos sentirem imensas saudades do seu profissionalismo e competência, e, também, da presença diária, dos ensinamentos, do carinho e atenção com todos. De acordo com a coordenadora administrativa Renata Viana Moraes, foi um privilégio trabalhar ao lado dela. “Conheci a Cida quando entrei no DCC em 1991. Naquela época não tínhamos muita interação, mas sempre ouvia falar dela como esposa do professor Newton Lages. Com o passar do tempo, ela foi adquirindo seu espaço no DCC e se mostrando uma profissional super dedicada e comprometida, com um imenso amor pela UFMG, pelo Departamento e por toda a sua equipe. Ao longo dos anos de trabalho fui me aproximando dela com as atividades profissionais e também pessoais, já que ela sempre foi super afetuosa com todos. Me identifiquei com ela desde o início, sempre tivemos afinidades e nos dávamos suporte nos momentos bons e também nos momentos difíceis… e foram vários. Quando me tornei coordenadora administrativa, em 2013, Cida ainda não havia se aposentado e tive o privilégio de acompanhar mais de perto seu trabalho. Foi uma perda e tanto quando se aposentou, mas a amizade já estava formada e ela nunca deixou de estar conosco, tanto nas festas acadêmicas, quanto na vida pessoal. Particularmente, eu admiro muito a Cida, por sua coragem, garra e força em seguir adiante de cabeça erguida, de educar muito bem seus filhos, de aceitar ajuda das pessoas que os amavam, de aprender o novo quando teve que se agarrar onde podia, de aceitar imposições porque precisava. É uma pessoa admirável, com um coração enorme que cabe todo mundo, inclusive eu”, relatou emocionada.
Incentivo e exemplo em casa não faltaram. Daniel graduou-se em Ciência da Computação em 2001, momento que relatou ter sido inesquecível, já que durante o discurso, o também saudoso professor Christiano Becker, homenageou seus pais. Durante o curso fez alguns estágios em Laboratórios do DCC e, dentre eles, segundo Lages, o que mais abriu as portas para o trabalho externo à universidade foi o extinto Sistema Integrado de Supervisão (SIS), conduzido à época pelo professor José Marcos. Após isso, iniciou a carreira como desenvolvedor e, depois, atuou em cargos de liderança em uma fábrica de software para a indústria de telecomunicações.
Tendo o DCC entranhado em sua história de vida, retornou para o Synergia – Laboratório de Engenharia de Software e Sistemas, onde trabalhou em três oportunidades na área de qualidade de software. “Agradeço ao professor Geraldo Robson Mateus pela confiança”, falou Daniel. Nesse vai e vem, que o levou para o mercado e o trouxe de volta à universidade, também trabalhou em projetos com o Ministério da Saúde, à época conduzido pelo professor do DCC Osvaldo Sergio Farhat de Carvalho, onde atuou como analista de negócios e, segundo Lages, aprendeu muito sobre os dados da saúde pública.
Atualmente Daniel é cientista de dados no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e atribui os conhecimentos adquiridos durante a graduação e no Laboratório junto ao professor Osvaldo, fundamentais e base para estar onde está e, também, para atuar em diversas áreas. “O curso me ofereceu uma excelente base em praticamente todas as disciplinas da Ciência da Computação, proporcionando-me a capacidade de atuar em diversas áreas. O DCC pra mim é uma família e eu não estaria onde estou hoje se não fossem os ensinamentos que adquiri durante o curso e com o professor Osvaldo, durante o trabalho com dados da saúde”, ressaltou.
Daniel transborda emoção e gratidão quando fala sobre o DCC, da sua história e a dos pais dentro da universidade. “Vivi minha infância e adolescência dentro do Departamento. Tenho vários professores que me inspiram e gratidão por tudo, mas o professor Osvaldo é especial. Ele foi e ainda é uma referência pra mim. Foi chefe/orientador nos projetos que participei na área da saúde e sou muito honrado em ter trabalhado com ele. Hoje atuo muito fortemente com tudo que aprendi com o professor, estou neste grande hospital, que é referência mundial, graças também a ele e pela indicação do professor Wagner Meira Júnior”, contou.
Para aqueles que desejam ingressar no DCC, mas têm alguma dúvida, Daniel fala que é uma excelente opção. “O Departamento conta com professores capacitados e é bem desafiante. E podem ter certeza, aqueles que se formam no DCC/UFMG se destacam bastante no mercado de trabalho, fui gerente de fábrica de software e pude verificar isso de perto”, ressaltou.
Lages “respira” a computação desde a infância e deu continuidade ao legado em sua própria família. Casado há 18 anos com a Karla, também formada em computação, tem dois filhos, Felipe,11, e Bruna,9, que além de estudarem matemática, também têm aulas de robótica na escola. “Felipe é muito bom em matemática e a Bruna é muito esperta para mexer com computador, os dois adoram a aula de robótica”, comemora.
Segundo o professor Osvaldo, Daniel é um profissional criativo, competente e extremamente responsável. “Colocar um projeto em suas mãos é garantia de tranquilidade. É uma pessoa muito agradável, com ótimo senso de humor e um sofisticado cozinheiro. Last but not least, um atleticano fervoroso,” concluiu.
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