Com a vida estudantil toda voltada para a Ciência da Computação, Jefersson Alex dos Santos é professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais desde 2013, mesmo ano em que finalizou o doutorado pela Université de Cergy-Pontoise, na França, e pela Unicamp, onde também fez pós-doutorado. Natural do Mato Grosso do Sul, Jefersson é casado com a paulista Flávia e pai de dois mineirinhos, Alex e Aurora, de seis e três anos respectivamente. Nas horas vagas, ama brincar com os filhos e assistir aos jogos da Sociedade Esportiva Palmeiras, time do coração.
Jefersson sempre visualizou a computação como uma área muito dinâmica e fascinante. Enquanto estudante, acreditava que o maior desafio era balancear entre os estudos sobre os fundamentos teóricos da área com relação às novas tecnologias que surgem o tempo todo. Ao mesmo tempo, tal fato era um incentivo para mantê-lo atualizado e, também, uma inspiração “O que mais me marcou durante minha vida estudantil foram as pessoas que conheci. Tive professores e colegas excepcionais e que foram fundamentais na minha trajetória. Eles me ajudaram a enxergar e explorar novos horizontes e diferentes facetas da computação. Isso foi fundamental para eu definir que tipo de profissional eu queria ser”, contou saudoso.
Apaixonado pelo ambiente acadêmico, Jefersson buscou a carreira de professor por acreditar que assim conseguiria ter mais chances de pensar nos problemas relevantes da computação e os impactos sociais, econômicos e ambientais que poderiam causar. “Nesse ambiente há liberdade para definir prioridades nas pesquisas e dar aulas também possibilita ao professor se manter atualizado e exercitar os conceitos da sua área de atuação. Como professor, gosto de pensar nas questões de pesquisa e nos impactos que podem trazer. Acho que a computação, se bem usada, tem o poder de mudar o mundo para melhor. É isso que me motiva”, falou.
Para o professor, a computação é uma vocação e a geografia um hobby. Ao mesmo tempo, como sempre gostou de matemática, se aproximar da computação aconteceu naturalmente. “A evolução das tecnologias e o desafio imposto pelos problemas computacionais me motivaram a seguir carreira acadêmica nesta área do conhecimento. A possibilidade de pesquisar em computação para desenvolver soluções para problemas geográficos foi a cereja desse bolo. Sou muito feliz com o que faço e busco sempre motivar a todos os meus alunos! ”, relatou.
Jeferson trabalha há vários anos no ensino de disciplinas introdutórias de algoritmos e programação e, inclusive, já participou do processo de reformulação dessas disciplinas. Ao mesmo tempo, a liberdade para pesquisar é uma de suas maiores alegrias e motivações para estar no meio acadêmico e não em empresas. “Essas disciplinas impõem o desafio de introduzir conceitos e despertar o interesse de alunos iniciantes na graduação, um processo que foi bastante interessante. Também tenho ministrado aulas associadas às minhas linhas de pesquisa tais como Processamento de Imagens, Reconhecimento de Padrões Visuais e Aprendizado Profundo. Nesses casos, o objetivo é sempre tentar aproximar os fundamentos do estado da arte. A academia nos dá a chance de resolver problemas reais, difíceis tecnicamente e relevantes para a sociedade, já o mercado tende a restringir a atuação do pesquisador aos interesses da empresa”, descreveu.
Um dos maiores objetivos do professor é gerar conhecimento em Ciência da Computação a partir dos desafios impostos pelas aplicações. Para tanto, além dos artigos e da formação de profissionais por meio do treinamento dos alunos, Jefersson busca por pesquisas com algo grau de envolvimento com questões sociais/ambientais/econômicas tais como: detecção automática de barragens de rejeito de minério, mapeamento de áreas de infestação de dengue, monitoramento agrícola, entre outras. “Compreender os problemas e modelar isso computacionalmente é bastante desafiador. Pesquisa interdisciplinar tende a nos empurrar para pesquisa incremental em computação. É possível, mas não é trivial obter impacto na computação e na aplicação alvo ao mesmo tempo. Em geral, a pesquisa interdisciplinar também exige entender um pouco sobre outras áreas do conhecimento”, relatou.
Para o professor Fabricio Murai Ferreira, Jefersson além de ser um grande pesquisador, cujo reconhecimento transcende as fronteiras do Brasil, é fonte de inspiração para os colegas. “Jefersson sempre me inspirou por ser um professor muito dedicado, pragmático, consciente de seus diferenciais e, acima de tudo, por sua ética profissional. Ele é o tipo da pessoa com quem você quer trabalhar, de quem você quer estar perto”, falou. Já o professor Mário Sérgio Alvim, contou que entrou como professor do DCC junto com o Jefersson, em setembro de 2013, e desde o princípio eles dividiam não apenas a sala, mas também experiências, ideias e aprendizado (além de várias –mas não todas– opiniões políticas :-)). “O Jefersson é extremamente focado no que faz, ele tem uma visão clara do que quer para a carreira e de como chegar lá, e trabalha com muita diligência por seus objetivos. Ele acompanha seus orientandos de perto, sempre procurando guiar os estudantes para tirarem o melhor de cada situação. Além disso, se dedica a vários projetos de pesquisa e extensão ao mesmo tempo, com colaborações diversas tanto dentro quanto fora do DCC, e está sempre ativo. Ao mesmo tempo em que ele tem um jeito que pode parecer meio durão para algumas pessoas, ele tem uma visão muito empática sobre a sociedade e uma consciência muito grande de tentar fazer o ambiente em que ele está melhor. Por fim, se você quiser achar o Jefersson e não souber onde, pode procurar nos restaurantes do campus logo na hora em que abrem pro almoço, porque ele é a pessoa que conheço que sente fome mais cedo no dia! (risos)”, falou
Em conversa com a comunicação do DCC/UFMG, Jefersson falou mais sobre o que não pode faltar em um pesquisador ou aluno, como é o Departamento e o que representa em sua vida pessoal e profissional. Veja as respostas do professor:
O que em sua opinião não pode faltar em um pesquisador? Por que?
Não pode faltar curiosidade, disciplina e persistência. Essas características são fundamentais para que o pesquisador não desista quando as coisas não saem como planejado inicialmente.
Como vê os alunos do DCC?
São a essência do DCC. São fundamentais para a manutenção da excelência do Departamento. Nós, professores, aprendemos e crescemos muito na interação com eles.
O que não pode faltar em um aluno do DCC? Seja aquele que deseja ingressar na pesquisa ou no mercado de trabalho.
É importante que o aluno tente tirar o máximo da universidade. Deve viver a universidade, conhecer as diferentes possibilidades dentro da sua área de atuação e interagir com diferentes colegas e professores.
O que representou e representa o DCC profissionalmente e, até mesmo, no campo pessoal?
O DCC permitiu que eu me consolidasse como profissional. Ministrei aulas em diversos tópicos, orientei alunos, fundei um laboratório, coordenei projetos de pesquisa. Tudo isso sempre visando a excelência, que é uma característica do Departamento. Me considero um pesquisador formado após quase nove anos de DCC.
Como você define o DCC?
Um ambiente desafiador e cativante. Um departamento de oportunidades e de muitas recompensas.