Apaixonado pela Ciência da Computação e professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG) desde 2020, Aldri Luiz dos Santos foi pesquisador visitante na Carnegie Mellon University, Estados Unidos e na Université Paris-Sud 11, França. Com graduação e mestrado em Informática, além de doutorado e pós-doutorado em Ciência da Computação, Aldri considera que os desafios que a Ciência da Computação apresenta, o futuro que ela proporciona de melhorias para a humanidade e a sua evolução foram motivadores para que ele escolhesse a área. “A Ciência da Computação possibilita a interação com várias outras disciplinas, não apenas as das exatas. Assim, inspira o desenvolvimento de outras áreas ao mesmo tempo que é inspirada por essas mesmas áreas através do seu modelo de funcionamento”, afirmou.
Desde a graduação, Aldri é movido pelo desejo em aprender e se encantava todos os dias com as possibilidades que a universidade oferecia em conhecimento e oportunidade de desenvolvimento a cada estudante e de acordo com o seu interesse. Além disso, o contato diário com os colegas e professores, o surgimento das novas tecnologias e de novas empresas na área, hoje consideradas tão comuns que parecem que sempre existiram. “Me interessava a teoria e a sua aplicação na prática, sendo muito gratificante verificar que muitas das questões discutidas na graduação, como o papel da inteligência artificial e das redes de computadores, estão cada vez mais primordiais no nosso dia a dia”, falou.
O convívio com os colegas, tanto na graduação como na pós, com a troca de experiências e soluções de dúvidas, despertou em Aldri o amor pela sala de aula. “Foi algo que aconteceu naturalmente, em razão da convivência na graduação e na pós-graduação na universidade, onde naturalmente você começa a explicar uma ideia a um colega e também tirar alguma dúvida. Assim, percebe-se que é o ambiente onde se sente bem e que pode contribuir. Poder acompanhar a evolução de um estudante, do momento da chegada na universidade, o amadurecimento e o conhecimento adquirido ao longo desta caminhada me inspira como professor. É muito gratificante vê-los formados e ter de certa forma o sentimento de dever cumprido. Sou um professor que gosta de ajudar os alunos a pensarem e se preparem para o futuro. As tecnologias passam, mas o pensamento lógico, as metodologias científicas e de aprendizagem são ferramentas que nos permite ser um cidadão melhor para a nossa sociedade”, contou orgulhoso.
Como professor, Aldri possui muitos prêmios de melhor trabalho desenvolvidos tanto em nível de graduação quanto de pós-graduação, com monografias e dissertações premiadas. Além disso, coordena vários projetos nacionais e internacionais.
No DCC/UFMG, Aldri leciona disciplinas nas áreas de Redes de Computadores. Desta forma, associa os conceitos teóricos com trabalhos práticos, exercícios e a participação dos alunos. “É importante orientá-los sobre a evolução das ideias e quais as diretrizes futuras de sua aplicação. Principalmente num universo tão dinâmico como a área da Computação”, falou. Estudioso e investigador de problemas científicos por natureza, Aldri enxerga o ambiente da universidade como um espaço do pensar, de propor soluções e de colaborar para a formação das futuras gerações. “Me energiza e me motiva poder colaborar para expandir a fronteira do conhecimento e também da inovação. Pesquiso na área de tolerância a falhas em sistemas em redes de computadores e ela tem aplicação prática em vários domínios da sociedade, à medida que cada vez mais vivemos um mundo digitalizado. Saber que posso colaborar para que os sistemas críticos possam estar mais seguros, naturalmente já me inspira, mas as ciências naturais e seu rigor científico ao longo de todo processo do desenvolvimento de uma pesquisa me encanta e serve de referência. Busco inspirar meus alunos assim como fui inspirado pelos meus professores ao longo da minha trajetória de estudos”, relatou.
O maior objetivo das pesquisas do Aldri é criar modelos e sistemas de comunicação em redes de computadores confiáveis contra falhas espontâneas ou induzidas, isto é, ataques, para que esses sistemas possam ser usados sem causar os mais diversos tipos de danos e prejuízos. Assim, suas pesquisas trazem grande impacto no dia a dia das pessoas. “Cada vez mais convivemos com sistemas em redes e de tempo real, praticamente todos esses sistemas dependem de uma infraestrutura de comunicação. Logo, eles precisam ser resistentes a falhas e atender a todos de uma maneira escalar e contínua. Por exemplo, quando a Internet não está funcionando deixamos de ter acesso a vários serviços e as empresas também. À medida que teremos mais sistemas em tempo real digitalizados e automatizados, esses não podem parar, já que poderão causar danos imensuráveis economicamente, bem como na vida das pessoas. Áreas como da indústria ou mesmo da saúde terão impacto cada vez maior na criação e uso destes sistemas”, contou.
Para o professor José Marcos Silva Nogueira, coorientador do doutorado do Aldri, desde essa época se mostrou muito focado e interessado. “Aldri tem muito boa índole, é muito gentil e calmo. Está perseguindo uma bela carreira profissional com toda a sua competência. Inquieto, não satisfeito com suas possibilidades, estava na UFPR e buscou vir para a UFMG. Foi transferido pelo processo de redistribuição, uma espécie de concurso onde participam servidores públicos federais. Conseguiu e já está contribuindo com o Departamento, já que é muito ativo na comunidade de computação e realiza diversas atividades na área, tanto no Brasil quanto no exterior. Fico muito feliz em falar do Aldri, que considero mais um amigo morando em BH!”, falou.
Durante o bate-papo com a Comunicação do DCC/UFMG, Aldri também contou que nas horas vagas gosta de caminhar, conversar com os amigos, e aproveitar um pouco a natureza. Além disso, falou sobre os desafios para realizar suas pesquisas, sobre o Departamento e seus alunos, veja abaixo as respostas completas:
Qual o maior desafio que encontra para realizar as pesquisas?
O desenvolvimento de uma pesquisa normalmente é compartilhado com a formação dos alunos e, de acordo com a pesquisa a ser desenvolvida, ela não tem aplicação prática imediata. Assim, muitas das vezes é difícil para um estudante querer participar dela. Logo, torna-se um desafio compartilhar muito do conhecimento de ponta desenvolvido com estudantes que possam avançar nesta pesquisa no futuro.
O que em sua opinião não pode faltar em um pesquisador? Por que?
Os resultados de uma pesquisa nem sempre são colhidos rapidamente e muitas das vezes a sua utilidade imediata para a sociedade apenas será observada ao longo de anos ou mesmo décadas. O pesquisador pode estar à frente do seu tempo. Portanto, não pode faltar a um pesquisador muita paciência, persistência, um tanto de resiliência, e não esquecer que ele de uma maneira direta ou indireta está colaborando para o avanço da ciência, seja na formação de novos pesquisadores, como na evolução da sua própria pesquisa.
Como vê os alunos do DCC?
Curiosos, perguntadores, amigos e respeitosos com os colegas e professores. Querem aprender e buscam também uma visão prática do assunto estudado. Muitos apreciam e valorizam o ambiente oferecido pelo DCC para que eles possam vivenciar a universidade.
O que não pode faltar em um aluno do DCC?
Iniciativa, curiosidade, espírito de grupo, e a compreensão de que o mundo é muito maior do que muitas vezes imaginamos. É importante estar atento às mudanças no mundo.
Para você, o que representou o DCC como estudante?
Quando fiz meu doutorado no DCC encontrei pessoas muito acolhedoras, que gostam de ver os alunos brilharem no ensino e na pesquisa. Pude fazer muitos amigos e compartilhar minha experiência e aprender com muitas outras pessoas, tendo sempre uma generosidade que não se esquece.
Como você define o DCC?
Um Departamento comprometido com a formação de excelência, com a interação com os demais Departamentos da universidade, atento às demandas sociais da cidade e do país, voltado às pesquisas de ponta, além de ter um ambiente que apoia e acolhe para que todos sintam-se à vontade para produzir o seu melhor.