A curiosidade para saber como um computador funcionava foi o que levou o professor do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (DCC/UFMG), Omar Paranaiba Vilela Neto, a escolher o curso de Engenharia de Computação. Já no mestrado e no doutorado, Omar optou pela Engenharia Elétrica com ênfase em Nanotecnologia, já pensando nos computadores do futuro. Durante a graduação, passou por um grande desafio: sair de uma cidade do interior, onde morava em um sítio, para morar sozinho no Rio de Janeiro. “Era todo um mundo diferente para mim, e assustador até certo ponto. Foi muito difícil ficar longe da família, mas ao mesmo tempo foi um grande incentivo. Tive que me virar sozinho e me dedicar para aprender bastante”, contou. Enquanto estudante, muitas coisas o marcaram, mas principalmente as amizades que fez e que são as grandes lembranças. “Mais que os diplomas e títulos, os grandes amigos são ótimas lembranças e o reencontro com eles é sempre enriquecedor”, disse saudoso.
A paixão pela docência iniciou quando Omar ainda estava na graduação, durante a disciplina Sistemas Digitais. “Meus olhos brilharam e foi ali que decidi o que gostava. Daí veio uma iniciação científica e a entrada no mestrado foi natural. Esses dois anos de mestrado foram uns dos melhores da minha vida. Me senti realizado e fazer o doutorado foi só um passo a mais para ser professor e pesquisador. Gosto muito de estar na sala de aula e do contato com os alunos….falar… eu falo muito. Então gosto do ambiente. E também adoro o laboratório. Queria ter menos atividade burocrática para passar mais tempo lá”, falou orgulhoso.
Professor do DCC/UFMG desde 2010 e, antes disso, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, Omar sabe que “o ensinar” é o mais importante. Desta forma, tenta fazer isso sendo amigo dos alunos. “Gosto de mostrar que somos todos iguais, sem aquilo de o professor estar acima dos alunos. Brinco muito, mas cobro muito também. Acho que os alunos entendem bem isso”, descreveu. O professor se considera meio diferente no DCC/UFMG, já que sua linha de pesquisa e o que gosta de ensinar é bem fora do comum no meio das pessoas da Computação. “O legal de trabalhar com a nanotecnologia em computação é sempre estar em uma fronteira diferente, em desafios distintos, aprendendo temas novos. Também leciono normalmente as disciplinas de Organização de Computadores. Eu gosto muito, porque é quando ensino para os alunos aquilo que queria saber quando entrei na universidade”, relatou.
Omar é casado e pai de duas filhas, a Beatriz de 7 anos e a Laís, com 3 anos. “Sou um pai bobão. Ser pai é muito bom. Dá trabalho, mas compensa demais. A gente volta a ser criança também. Volta a assistir desenhos animados e brincar. No meu caso, muitas das brincadeiras são coisas de menina, então é um mundo novo para curtir”, contou apaixonado. Quando não está curtindo a família, seus grandes prazeres são: livros, esportes e cervejas. Gosto muito de ler, estou sempre com um livro novo e, às vezes, até repito. Praticar e assistir esporte é um prazer, principalmente assistir aos jogos do Galo, que sempre tento ver nos estádios. Quanto às cervejas, adoro vários tipos, gosto de harmonizar com comidas e funciona bem com um livro ou assistindo algum esporte, praticando não dá”, contou sorrindo.
Luiz Chaimowicz, também professor do DCC/UFMG, conheceu o Omar em 2010, em um Congresso em Bonito – MS, logo após a sua entrada no DCC. Mas foram se tornar grandes amigos em 2013, sofrendo com o Galo na Libertadores… “Atleticano bom de papo, o Omar é dessas pessoas boas de se ter como amigo. No DCC, ele atua em uma área importante, mais próxima ao hardware, e suas pesquisas em nanocomputação provavelmente vão ajudar a moldar os computadores do futuro. Além disso, está sempre disposto a colaborar com o Departamento, agora como coordenador do nosso curso de Ciência da Computação e em breve como coordenador da nossa pós-graduação”, disse.
Durante o bate-papo com a Comunicação do DCC/UFMG, Omar falou mais sobre a paixão pela pesquisa, sobre o Departamento e os alunos, veja abaixo as respostas na íntegra.
Por que decidiu ir para a área de pesquisa e não para o mercado de trabalho?
Na verdade, foi natural. Não parei um dia e pensei sobre isso. Eu queria sempre coisas novas e na academia isso vem quase de graça.
O que o inspira em suas pesquisas?
O básico da ciência: descobrir coisas novas. No meu caso, como projetar ou construir sistemas computacionais a partir de novos materiais. Ou, também, como ajudar a desenvolver novos materiais.
Qual o maior objetivo das suas pesquisas?
O maior objetivo é unir a computação e a nanotecnologia para desenvolver as duas áreas, ou seja, criar sistemas computacionais inovadores e aprimorar os materiais.
No geral, qual o impacto das suas pesquisas no dia a dia das pessoas?
Eu acho que o grande impacto vai vir lá na frente, no futuro. Esse é um dos grandes diferenciais da academia. Muitas vezes é aqui que abrimos caminho para os grandes avanços, mas isso não impede que eles também possam acontecer já.
Qual o maior desafio que encontra para realizar as pesquisas?
Com certeza o maior desafio é financeiro. Construir coisas novas demanda recursos e, infelizmente, não temos muito disponível.
O que em sua opinião não pode faltar em um pesquisador? Por que?
Curiosidade e resiliência. Nem sempre as coisas dão certo, mas temos que insistir.
Como vê os alunos do DCC?
O DCC tem alunos muito bons. É sempre um prazer lecionar para alunos curiosos. Os dois anos distantes na pandemia foram momentos muito tristes.
O que não pode faltar em um aluno do DCC? Seja aquele que deseja ingressar na pesquisa ou no mercado de trabalho.
Para mim as principais características que um aluno deve ter são: proatividade, resiliência e muita vontade de fazer o que faz.
Como você define o DCC?
O DCC é um campo fértil que faz todo mundo produzir. É um lugar com uma cultura muito legal, onde os discentes, docentes e servidores trabalham realmente em equipe.