O governo de Minas, gestores, pesquisadores e empresas parceiras comemoraram o sucesso da união em prol da saúde no Brasil, o que culminou na seleção, no início de maio, do Centro de Inovação em Inteligência Artificial para a Saúde (CIIA-Saúde) sediado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para, junto a outros poucos Centros, desenvolver pesquisas nas áreas de saúde, agronegócio, indústria e cidades inteligentes. O anúncio ocorreu durante o evento presidido pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.
A construção da proposta do CIIA-Saúde teve início em 2019, a partir de articulações entre a UFMG (Departamento de Ciência da Computação – DCC e Faculdade de Medicina/Hospital das Clínicas – FM/HC) e o governo do Estado de Minas Gerais (vice-governadoria), que prospectaram a oportunidade junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e iniciaram as articulações com as empresas e, também, o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Segundo o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, a seleção da proposta ocorreu devido a perfeita articulação da tríplice hélice: “A articulação entre a Universidade, o setor privado e os governos funcionou bem. A UFMG, por meio do Departamento de Ciência da Computação e sua excelência, atraiu para o projeto, várias empresas privadas do setor de saúde se juntaram e o governo de Minas apresentou o projeto ao Ministro”.
Como parceira, a Unimed-BH será co-financiadora e, segundo o diretor-presidente Samuel Flam, o desenvolvimento tecnológico na área da saúde é um dos valores da empresa. “A Unimed Belo Horizonte sempre teve a inovação como um dos seus valores ao longo dos seus 50 anos. Nesse período, estivemos fortemente comprometidos com o desenvolvimento tecnológico na área da saúde. Para nós, é uma honra apoiar a pesquisa avançada e o desenvolvimento tecnológico da saúde no Brasil, por meio do Centro de Inovação em Inteligência Artificial em Saúde. Acreditamos que esse projeto pioneiro trará resultados práticos e concretos para a sociedade como um todo”, afirma Samuel.
Já a Kunumi, empresa de tecnologia brasileira que se dedica a entender e solucionar os desafios de empresas, governos e da sociedade por meio da inteligência artificial, ressaltou a importância do Centro para a competitividade do país. Natalia Radicchi, líder de pesquisa na Kunumi, assegurou que a empresa não só acredita como investe nesse ecossistema de pesquisa e inovação aplicada. “Entendemos que para dar certo é preciso integrar o conhecimento acadêmico e a experiência das empresas”, disse. Outras empresas parceiras do projeto são o Grupo SPLICE e a Intel. O Grupo SPLICE considera fundamental investir em tecnologias disruptivas e modernas, que contribuam para o desenvolvimento robusto do país e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros”.
A partir de agora, de acordo com o edital, os seis Centros selecionados terão o prazo de cinco anos, renováveis por mais cinco, para desenvolver pesquisas científicas, tecnológicas e de inovação, aplicadas e orientadas à resolução de problemas com a Inteligência Artificial (IA).
O CIIA-Saúde tem por objetivo a pesquisa e o desenvolvimento de técnicas e soluções de IA para habilitar e demonstrar o seu potencial. Assim, auxilia os indivíduos e pacientes no autocuidado, os médicos e profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento das doenças e os gestores de saúde na programação de ações de prevenção e organização da assistência à saúde. Desta forma, otimiza recursos e melhora a saúde das pessoas e da população no Brasil.
De acordo com o coordenador do projeto e professor emérito do DCC, Virgílio Almeida, a proposta é inovadora, estratégica e visa aumentar a qualidade do atendimento da saúde no país. “Esse é um projeto inovador em sua forma de construção, sendo multidisciplinar porque envolve várias áreas do conhecimento, multi-institucional porque envolve, além da UFMG, várias universidades e outras instituições de Ensino e Pesquisa e no financiamento obtido, que será público-privado. É também estratégico, já que a Inteligência Artificial é vista como o vetor chave para o desenvolvimento dos países na próxima década”, afirmou.
A atuação na área de saúde do Centro está estruturada em cinco eixos fundamentais: Prevenção e Qualidade de Vida; Diagnóstico, Prognóstico e Rastreamento; Medicina Terapêutica e Personalizada; Sistemas de Saúde e Gestão; e Epidemias e Desastres. Associados aos eixos e desafios em saúde, o foco das pesquisas em IA concentra-se nas áreas da Ética e Valores Humanos, Modelos e Algoritmos, Gerenciamento e Engenharia de Dados e Sistemas Computacionais.
Os resultados esperados pelo CIIA-Saúde podem ser agrupados em termos de pesquisa, de inovação e de formação de recursos humanos (graduação e pós-graduação), incluindo a publicação de artigos científicos em periódicos e conferências nacionais e internacionais de prestígio. Além disso, o desenvolvimento de provas de conceito e protótipos de soluções junto às empresas e instituições de saúde e a transferência de tecnologia e know-how para o mercado, com o apoio da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT-UFMG).
Ao mesmo tempo, são planejadas ações de educação e difusão do conhecimento para estudantes do ensino fundamental e médio, incluindo cursos de curta duração e vídeos educativos, e também um curso de especialização de 360h para os profissionais da saúde e de curta duração para a população em geral. O Centro planeja, também, intensa atividade internacional, com a colaboração de pesquisadores e instituições de excelência em pesquisa avançada.
Para o coordenador de Pesquisa e Inovação do Hospital das Clínicas, professor da Faculdade de Medicina da UFMG e cardiologista Antônio Ribeiro, que também vai atuar como vice-coordenador do CIIA-Saúde, a preocupação dos profissionais de saúde é o envelhecimento das pessoas e os novos desafios da saúde, como as pandemias, as doenças infecciosas e as doenças crônicas. “Esperamos que o Centro possa fornecer soluções que melhorem a qualidade de vida das pessoas, a longevidade, os diagnósticos e os tratamentos”, disse.
O conhecimento de pesquisadores de outras instituições de ensino parceiras também é um diferencial no projeto do CIIA-Saúde e traz enorme expectativa aos profissionais envolvidos. Para Luís Lamb, professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e secretário de estado de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, representando as instituições acadêmicas gaúchas participantes do projeto, (UFRGS, PUC-RS, UFPEL, Unisinos e UFCSPA),a união de pesquisadores qualificados do país trará benefícios para a saúde da população. “Esse projeto reúne pesquisadores altamente qualificados nas áreas da saúde e Inteligência Artificial, de diversas instituições de ciência e tecnologia em nosso país, e que trarão resultados científicos e tecnológicos em benefício da saúde e da qualidade de vida das pessoas”, afirmou.
Por sua vez, Altigran Silva, professor do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas, representando a UFAM e a UEA, ressaltou a importância do Centro e a participação dos pesquisadores. “Estamos muito orgulhosos em participar do Centro e ansiosos para cooperar com todos os pesquisadores nesses temas e ações”, afirmou. Já para Mário Neto Borges, diretor do Instituto de Pesquisas dos Centros Universitários Newton Paiva e Facens e também representante do Grupo SPLICE, o projeto trará enormes ganhos. “Estamos orgulhosos em participar do Centro, um projeto importante para o avanço da ciência e também para o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida das pessoas”, destacou.
Segundo Wagner Meira Jr, chefe do Departamento de Ciência da Computação e pesquisador do CIIA-Saúde, a agenda de pesquisas do Centro traz desafios tendo em vista a relevância da área, demandando que a IA transcenda os modelos algoritmos, artefatos, promovendo o “empoderamento” dos profissionais da saúde. “Para isso, o Centro desenvolve trabalhos em todas as dimensões envolvidas nesse processo. Em termos de ensino, busca a requalificação desses profissionais e a formação dos profissionais da área de IA para construir essa nova geração de tecnologias. Em termos de pesquisa, avança nos mais novos modelos e algoritmos que irão resolver os desafiadores problemas da área da saúde. Em termos de desenvolvimento tecnológico, tem por objetivo demonstrar a efetividade desses novos protótipos em situações reais e, finalmente, no âmbito da inovação, traz o desafio de como gerar novos negócios, produtos e serviços sobre esses novos modelos de IA”, concluiu.
Com uma estrutura administrativa enxuta, o CIIA-Saúde será constituído pelo Conselho Diretor, pelo Comitê Científico Internacional, pelo Comitê Executivo, pela Coordenação Técnico-Científica e pela Secretaria Administrativa, além de contar com o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) da UFMG para o gerenciamento administrativo e financeiro.
Para avançar nas pesquisas e trazer os resultados necessários à sociedade brasileira, o CIIA-Saúde da UFMG conta com a parceria de diversas Instituições de Ensino e Pesquisa, além de empresas privadas nas áreas da saúde e tecnologia, sendo: a Fiocruz, a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, o Hospital Moinhos de Vento, a PUC/MG, a PUC/RS, a UEA, a UFAL, a UFAM, a UFCSPA, a UFPEL, a UFRGS, a UNICAMP, a UNISINOS, além da Intel, da Unimed-BH, do Grupo SPLICE e da KUNUMI.
Assista os depoimentos dos gestores, pesquisadores e representantes dos envolvidos no projeto do CIIA-Saúde quanto às expectativas e importância para a sociedade brasileira.