Atalho para o mercado

Centro inaugurado no BH-TEC vai potencializar geração e transferência de tecnologias na área de internet

O Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) passou a abrigar este mês o Centro de Tecnologia para Web (CTWeb), vinculado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para a Web, coordenado por professores do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Ciências Exatas. A implantação do CTWeb vai possibilitar a criação e transferência de tecnologias desenvolvidas na Universidade e a geração de novos negócios de forma mais madura no que diz respeito à gestão dos processos, possibilitando melhor divisão de escopos entre os participantes.

“O Centro de Tecnologia para Web tenta eliminar um gargalo que dificulta a chegada ao mercado de conhecimentos e tecnologias desenvolvidos na Universidade. Muitas vezes, em seu trânsito até esta etapa, a tecnologia perdia o vínculo com a origem, impedindo que a instituição fosse devidamente creditada pelo que foi desenvolvido. O novo modelo tem a virtude de melhorar a sistematização do processo de inovação, carência antiga do setor”, explica o professor Wagner Meira, um dos idealizadores do CTWeb. O objetivo, frisa ele, é reduzir a distância que separa a Universidade do mercado.

A base do CTWeb é o trabalho do próprio InWeb, que há alguns anos vem desenvolvendo protótipos de observatórios que lidam em tempo real com grandes volumes de dados oriundos das redes sociais. Em 2012, por exemplo, foi implantado software para mapear o que as pessoas publicavam nas redes sociais e minerar os dados de sites e portais de notícias sobre as eleições. Este ano novo Observatório das Eleições será instalado.

Outro destaque é o Observatório da Dengue, que acompanha as menções feitas à doença na internet para monitorar e até prever a disseminação real dos casos, colaborando para o planejamento de políticas públicas de saúde. E ainda há os softwares voltados para o futebol, como o Observatório do Brasileirão, que durante o campeonato possibilita o monitoramento de jogos e o acompanhamento de cada time, e o Observatório da Copa, que já teve o seu protótipo instalado em 2010 e entrará em funcionamento novamente este ano. O software vai possibilitar o acompanhamento e rastreamento do tráfego de mensagens nas redes sociais durante os jogos, das postagens no mapa do mundo, das palavras mais utilizadas do universo esportivo em diversas línguas, das fotos e vídeos mais referenciados nas redes sociais, entre outros.

Tais observatórios são exemplos concretos de como estruturas como o InWeb, e agora o CTWeb, permitem que a inovação encontre formas de se reverter em produtos práticos e úteis ao mercado. “Historicamente, a área de TI vinha sendo cobrada em relação às formas de se fazer inovação na área da informática. A inovação associada à TI precisa acontecer de forma diferente de outras áreas. Algumas áreas trabalham com patentes, por exemplo. Em TI, essa lógica não funciona. Patentes são muito demoradas, e em tecnologia da informação as coisas mudam muito rapidamente. Não dá para esperar. Nesse sentido, o CTWeb surge para imprimir uma dinâmica e estabelecer os processos de que a área precisa”, explica.

Parcerias

A interação do CTWeb com empresas e instituições se dará por meio de pelo menos quatro formas, duas delas mais tradicionais: licenciamento ou venda simples de projetos. No entanto, o foco do Centro de Tecnologia serão outras duas modalidades consideradas mais estratégicas: a parceria e a fundação de startups. “Elas possibilitam que a Universidade e o CTWeb mantenham-se envolvidos com o projeto depois da consolidação do produto”, detalha Wagner. Na modalidade parceria, as tecnologias são refinadas em sinergia com empresas já existentes no mercado, a partir de pré-produtos gerados no CTWeb. “Nesse formato, o retorno financeiro para o CTWeb tende a acontecer pelo compartilhamento da receita líquida associada ao produto”, explica o professor Wagner Meira.

A outra modalidade é a criação de empresas de tecnologia de ponta a partir do modelo de startups. “Neste caso, os pré-produtos são igualmente a base para a criação, mas, em vez de a parceria ser firmada com empresas já consolidadas no mercado, a própria empresa é desenvolvida simultaneamente ao produto, seja por alguém advindo do mercado, interessado em encampar o projeto, seja pelo próprio autor da ideia. Em casos assim, uma forma típica de ressarcimento ao CTWeb é a participação em lucros e ações dessa nova empresa.”

Três parcerias já foram formalmente constituídas: a primeira com a Módulo, empresa brasileira de gestão de riscos e de atuação internacional. “Ela é responsável, por exemplo, por todos os centros de controle e operação da Copa do Mundo”, lembra Wagner Meira. Dessa forma, toda a parte de redes sociais da empresa ficará concentrada no Observatório da Web. Também foi assinado acordo com startup gestada fora da UFMG que atua no segmento de moda. “O seu foco de atuação são as blogueiras de moda e as discussões que se dão na web relacionadas ao setor”, detalha. E uma terceira parceria será firmada com uma pequena empresa, atualmente incubada na Inova-UFMG, a S10i. “Trata-se de empresa para a gestão de portfólio de investimentos, iniciativa de ex-aluno do DCC em conjunto com estudantes do curso de Administração. Estamos fazendo a observação de web e redes sociais para fins de investimentos.”

*Síntese de matéria publicada no Portal UFMG, seção Pesquisa e Inovação, em 07/03/2014, https://www.ufmg.br/online/arquivos/032211.shtml

Texto: Ewerton Martins Ribeiro             Foto: Sarah Dutra

 

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