Durante o DCC Week – Ensino, Pesquisa e Inovação, com o objetivo de marcar o Dia Internacional da Mulher e incentivar a maior participação feminina na ciência, foi organizado pela professora do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, Michele Nogueira, o Painel Mulheres na Ciência. Durante a abertura, Michele ressaltou que a participação feminina na construção do pensamento científico é tão antiga quanto a própria ciência e que este fato é apontado por diversos historiadores. Também salientou que o nome do Painel, “Mulheres na Ciência”, hoje é uma disciplina isolada com várias teses e toda uma história de luta das mulheres para ter suas pesquisas publicadas e reconhecidas. “Apesar das diversas contribuições femininas na ciência, desde as civilizações antigas, vimos no surgimento das universidades a exclusão das mulheres por um bom período de tempo, o que começou a ser vencido no século XVIII. Mas, apesar de avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido para realmente vencer o desequilíbrio entre homens e mulheres”, afirmou.
O evento proporcionou uma discussão de ações concretas para que haja a maior inclusão das mulheres na ciência, tendo papel de protagonistas, assim como a atuação dos homens para que tal fato ocorra. Também presente no evento, a reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida, ressaltou a enorme satisfação de ver tantos homens na plateia, o que, em sua opinião, é a demonstração da mudança de mentalidade da sociedade. “Tem uma escritora nigeriana que gosto muito, a Chimamanda Ngozi Adichie, que escreveu dois “livrinhos” espetaculares e que tem nomes muito sugestivos: “Sejamos todos feministas” e “Como criar crianças feministas”. Ou seja, ela chama a atenção que a luta das mulheres não é só das mulheres, mas também dos homens, já que esta luta é por uma sociedade mais justa e igualitária, onde todos serão beneficiados”, disse. Sandra também destacou que já houve avanços, mas as mulheres ainda não estão onde devem estar. “Infelizmente a nossa sociedade é racista, machista e preconceituosa. As mulheres não são invisíveis, mas foram invisibilizadas ao longo dos anos. Então, esse é um momento de resgate. As mulheres já foram protagonistas na Ciência da Computação, por exemplo, mas foram excluídas por várias dinâmicas sociais. A nossa missão é dar vozes para as mulheres. Que o Dia das Mulheres não seja somente de comemoração e flores, o que também é muito bom, mas de reflexão, para pensarmos no futuro da sociedade, com direitos iguais, nem mais nem menos, apenas o direito que nos é dado pela Constituição”, disse.
No decorrer do Painel, as demais participantes: Ana Paula Couto da Silva, Gisele Lobo Pappa, Jussara Marques de Almeida, Olga Nikolaevna Goussevskaia e Raquel Oliveira Prates, professoras do DCC, e a gerente sênior de Engenharia de Software da Cadence Design Systems, Raquel Lara, que também faz parte do Comitê da Diversidade da empresa, contaram experiências pessoais e profissionais na ciência, além de ações que participam para o incentivo da participação das meninas e mulheres na ciência.