O Laboratório de Compiladores do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, sob a coordenação do professor Fernando Pereira, está desenvolvendo, junto aos pesquisadores de outros estados brasileiros, um microprocessador de 32 bits com tecnologia inteiramente nacional. O projeto Micro32 é coordenado pelo professor João Batista, da Universidade Federal de Santa Maria.
O projeto é financiado por um consórcio de empresas nacionais, com recursos da Lei de Informática, que têm por objetivo incentivar a existência no Brasil de um caminho completo de desenvolvimento de microcontroladores e que englobe desde a formação de mão de obra qualificada na área de engenharia de computação até o desenvolvimento desse tipo de tecnologia.
Para o professor Fernando Pereira, o projeto é uma oportunidade única. “O Micro32 é um esforço nacional em direção à criação de tecnologia fundamental com conhecimento local. Hoje, a indústria brasileira utiliza sobretudo microchips que vêm de outros países. Somos muito dependentes dessa tecnologia estrangeira. Essa dependência deixa nossa indústria muito suscetível aos “humores” do mercado externo. Além disso, não tendo controle dos processos de fabricação de microchips, temos problemas para verificar se são de fato seguros e confiáveis”, disse.
A equipe mineira é formada por três pesquisadores: o professor Andrei Rimsa, do CEFET-MG, o aluno de mestrado do PPGCC da UFMG, Guilherme Oliveira e o professor Fernando. Segundo o coordenador do Laboratório de Compiladores, o time de Minas Gerais cuida do desenvolvimento e implementação da cadeia de software necessária ao funcionamento do Micro32. “O microchip que está sendo desenvolvido processa instruções RISC-V. É necessário gerar essas instruções a partir de programas C e essa tradução é papel de um compilador. Além de compiladores e montadores, nossa equipe participa do desenvolvimento e implementação de periféricos para o Micro32. Como exemplos de sistemas periférico, incluem módulos de controle como GPIO (General-Purpose Input/Output) e UART (Universal Asynchronous Receiver/Transmitter)”, explicou.