Hub de Inovação é inaugurado pela UFMG e Merck

Nesta quinta-feira, 1º, no Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD 2) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a universidade inaugurou o Hub de Inovação em Nanotecnologia. O projeto, em parceria com a Merck S/A, empresa especializada em ciência e tecnologia, teve o investimento de R$ 150 mil da “Life Science”, uma divisão da empresa que atua na descoberta e no desenvolvimento de medicamentos e no campo de diagnósticos, com clientes sobretudo nas áreas de biotecnologia e farmácia. Também foram aportados recursos para codesenvolvimento de projetos, doação de insumos, equipamentos, além de capital intelectual. 

Aberto para toda a comunidade acadêmica, indústria, startups e empreendedores, o Hub atuará em três áreas: sistemas de entrega nanocontrolados, nanossensores ou dispositivos vestíveis e soluções mais sustentáveis também baseadas em nano. Também serão oferecidos serviços especializados, codesenvolvimento e prototipagem de projetos aplicáveis a todos os setores interessados, com especial destaque para saúde humana e animal, alimentos, bebidas e agricultura.

Segundo o diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG e professor do Departamento de Ciência da Computação da universidade, Gilberto Medeiros Ribeiro, é necessária uma forma de conduzir todo esse conhecimento em nanotecnologia que vem sendo trabalhado pela universidade nos últimos 20 anos. Sendo assim, esse acordo é uma Parceria Público-Privada (PPP) com intuito de trazer a empresa para dentro da universidade, de uma forma que ela possa utilizar essas tecnologias e conhecimento. “O ponto essencial que a gente quer é saber como nós podemos complementar nossos interesses estratégicos. O interesse da UFMG é gerar conhecimento e o da empresa é usar esse conhecimento”, explicou.

De acordo com o diretor, a ideia é que as soluções geradas no ambiente da universidade sejam transferidas para a sociedade por meio da empresa multinacional. “Pretendemos fomentar esse processo de geração de soluções em nanotecnologia e fazer com que elas possam ser transferidas para a sociedade. Outro objetivo é a criação de startups e empresas voltadas à inovação”, disse.

O Hub será instalado no complexo do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), centro de inovação e pesquisa, criado por meio de parceria entre a UFMG, a Prefeitura de Belo Horizonte, o Governo de Minas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A universidade conta com mais de 200 pedidos de patentes depositados junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) relacionados à área de nanotecnologia, com mais de 500 pesquisadores dedicados à temática em diversas áreas do conhecimento.

Durante seu pronunciamento, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, destacou a coincidência de, no dia anterior, ter sido publicada uma matéria no jornal Valor Econômico sobre as dificuldades e, ao mesmo tempo, sobre as potencialidades da relação entre as três instâncias da chamada “tríplice hélice” da inovação, formada pela iniciativa privada, pelo poder público e pelas instituições de pesquisa. Denominado Falta de articulação afeta parcerias com universidades, o artigo demarca, ao mesmo tempo, os avanços de aproximação ocorridos nos últimos anos, os quais são ilustrados pela aliança estratégica recém-firmado entre a Merck e a UFMG.

“O fato é que estamos mudando de patamar. No artigo, afirma-se que hoje as empresas reconhecem o trabalho científico da academia brasileira, valorizado internacionalmente, fala-se que as universidades sabem que o setor privado também é o berço central e essencial da inovação; e que tanto um lado quando o outro percebem, no governo que assumiu há menos de seis meses, vontade de recuperar a base financeira e os programas de fomento à pesquisa”, afirmou a reitora.

“Eu sou integrante da Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação, e os debates que fizemos, no ano passado, eram bastante pessimistas. Já os deste ano estão dando um outro norte. Estamos com um governo recém-eleito, mas que já mostrou a importância que dá à ciência, com a liberação do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e a recomposição do orçamento das universidades e institutos federais”, lembrou a reitora.

Segundo Fabio Demetrio, líder de ciência e soluções para laboratórios da Merck Life Science do Brasil, a participação da empresa na aliança poderá se dar de diferentes formas, que vão da oferta de know-how diretamente aos pesquisadores, à oferta de cursos teórico-práticos para clientes, pesquisadores e estudantes, passando pela oferta de serviços, equipamentos e materiais. “O modelo é muito flexível”. “Queremos participar ativamente, mas com aportes que sejam de fato práticos e façam a diferença lá na frente”, disse.

“No Brasil, a nanotecnologia é uma das áreas prioritárias para desenvolvimento tecnológico pelo Governo Federal. Apostamos na capacitação de pesquisadores e na colaboração entre indústria e universidade com o intuito de impulsionar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras que possam impactar a vida e a saúde por meio da ciência”, afirmou.

Fonte: Portal UFMG e matéria publicada pelo Leonardo Leão, do Diário do Comércio.

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