Um estudo conduzido por alunos do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG recebeu Menção Honrosa no Simpósio Brasileiro de Sistemas Multimídia e Web (WebMedia), principal evento da área no país, realizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Em 2025, o encontro celebrou sua 31ª edição, organizada pela PUC-Rio e pelo Instituto Militar de Engenharia (IME).
Assinado pelos estudantes Victor Martins, Lívia C. R. Pereira, Sophia E. V. Serafim e Amanda F. Alves, sob orientação dos professores Carlos H. G. Ferreira (UFOP) e Jussara Almeida (DCC/UFMG), o trabalho se destaca pela profundidade na análise de um tema urgente: o avanço de discursos misóginos entre adolescentes fomentados por comunidades como a Red Pill, que têm ganhado força e visibilidade nas redes sociais.
O cenário descrito pela pesquisa dialoga com fenômenos amplamente noticiados, como o aumento do machismo entre os mais jovens e a radicalização incentivada por algoritmos. Tais temas, recentemente, foram discutidos por veículos como a BBC News Brasil e pela série Adolescência. Nesse contexto, entender como esses discursos são produzidos, distribuídos e recebidos se torna essencial para orientar ações de educação, prevenção e proteção de adolescentes expostos a esse tipo de conteúdo.
O artigo, intitulado “A Misoginia no YouTube Brasileiro: Um Estudo de Caso sobre o Conteúdo Produzido pela Comunidade Red Pill”, analisou 18.034 vídeos e mais de 2,2 milhões de comentários de 28 canais brasileiros associados à comunidade. Utilizando técnicas de computação social, o estudo investigou sentimento, toxicidade, padrões linguísticos, mecanismos de engajamento e até o uso de emojis para compreender a construção e a propagação de discursos de ódio.
Desenvolvida no Laboratório de Computação Social (LoCuS) do DCC, a pesquisa fornece evidências sobre a escala do problema e revela como estratégias retóricas e algoritmos de recomendação ajudam a sustentar comunidades que promovem ataques misóginos. Muitas vezes, tais recomendações são direcionadas a jovens em formação.
Além da contribuição acadêmica, o estudo reforça a urgência de pais, responsáveis e educadores acompanharem a navegação digital de adolescentes. Ao evidenciar como esses discursos se tornam atraentes e normalizados, os autores esperam fomentar debates e ações que ajudem a proteger jovens vítimas desse ambiente hostil. Ao mesmo tempo, o trabalho busca orientar aqueles que podem ser seduzidos por narrativas que incentivam preconceito e ataques de ódio.










