A COP30, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, está em andamento no Brasil, reunindo líderes e especialistas de mais de 190 países em busca de soluções concretas para o enfrentamento da crise climática. Além dos debates e compromissos ambientais, a tecnologia brasileira também marca presença nesta edição do evento — com o Macaozinho, um chatbot desenvolvido de forma colaborativa por pesquisadores e estudantes do Departamento de Ciência da Computação (DCC) da UFMG, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Inteligência Artificial Responsável (INCT-TILDIAR) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A ferramenta de inteligência artificial (IA) foi criada para apoiar as negociações e oferecer informações confiáveis ao público da conferência, contribuindo diretamente para a eficiência e a transparência das discussões. O PNUD, que tem como missão promover o desenvolvimento sustentável e apoiar políticas públicas voltadas à sustentabilidade, participou ativamente de todas as etapas do projeto, desde a concepção da ideia até a implementação final, garantindo que o sistema refletisse os valores de inclusão, precisão e responsabilidade ética da organização.
Inspirado na arara-vermelha-pequena (Ara macao), símbolo da biodiversidade brasileira, o Macaozinho foi concebido como um guia inteligente e confiável durante a COP30. Diferentemente dos chatbots convencionais, o sistema utiliza a técnica RAG (Retrieval Augmented Generation), que combina modelos de linguagem com um extenso repositório de documentos oficiais e especializados sobre mudanças climáticas.
“Nosso objetivo foi desenvolver uma ferramenta capaz de oferecer respostas contextualizadas e verificáveis, reduzindo o risco de desinformação em um evento global de grande impacto político e ambiental”, explica a professora do DCC e uma das colaboradoras do projeto, Michele A. Brandão.
Com acesso a mais de três mil documentos sobre o clima e conferências anteriores da ONU, o Macaozinho responde em tempo real a perguntas sobre acordos, compromissos, programação e logística da conferência, auxiliando tanto negociadores e especialistas quanto o público em geral.
O desenvolvimento do Macaozinho é resultado de uma colaboração inédita entre universidades, instituições científicas e organismos internacionais. A equipe multidisciplinar reúne especialistas em ciência da computação, engenharia, diplomacia e relações internacionais, unindo competências técnicas e estratégicas para criar uma solução robusta e confiável. É importante destacar que a implementação do chatbot foi também responsabilidade de um aluno de graduação em ciência da computação da UFMG, o Bernardo Alves Miranda, que teve competência, responsabilidade e habilidades necessárias para desempenhar tal tarefa.
A equipe de desenvolvimento é formada por:
- Bernardo Alves Miranda – Estudante do sexto período do curso de Ciência da Computação da UFMG, responsável pelo desenvolvimento técnico e integração de sistemas.
- Eduardo Luttner – Desenvolvedor de software e engenheiro eletricista formado pela Unicamp.
- Yago Honda – Desenvolvedor de software e mestre em Engenharia de Sistemas pela UnB.
- Thiago Mendes – Especialista em relações internacionais e clima no PNUD.
- José Miguez – Especialista em relações internacionais e clima no PNUD.
- Daniel Hasan Dalip – Coordenador de Inovação e Empreendedorismo e professor do CEFET-MG, doutor em Ciência da Computação pela UFMG.
- Michele A. Brandão – Professora do DCC/UFMG e pesquisadora nas áreas de engenharia de dados e aprendizado de máquina.
Para garantir a confiabilidade das informações, o Macaozinho foi desenvolvido com base em uma arquitetura de IA responsável, fundamentada em princípios de transparência, neutralidade e inclusão. O sistema implementa o RAG diretamente em Go, o que proporciona baixa latência, rastreabilidade e precisão nas respostas. “Equilibrar a inovação tecnológica com a responsabilidade ética exigida pela COP30 só foi possível pelo empenho da equipe. Em especial, destaco o estudante Bernardo Alves, que desenvolveu o sistema com autonomia e alto senso de responsabilidade. É o que garante ao Macaozinho ser neutro, multilíngue e adaptável”, explica Daniel Hasan Dalip, pesquisador e um dos colaboradores técnicos do projeto.
O uso de modelos poliglotas garante que o chatbot compreenda e responda em diversos idiomas, permitindo o acesso igualitário à informação em um evento que reúne representantes de mais de 190 países.
Durante a COP30, o Macaozinho está sendo utilizado como ferramenta de apoio às negociações e à comunicação pública, atendendo centenas de milhares de usuários, presencial e virtualmente. Além de facilitar o acesso a informações verificadas, o chatbot atua como canal educativo e de divulgação científica, fortalecendo a presença da ciência e da tecnologia brasileiras nas discussões climáticas globais.
O projeto é um exemplo emblemático de como a cooperação entre academia, governo e organismos internacionais pode gerar soluções tecnológicas inovadoras e socialmente relevantes. “Projetos como o Macaozinho mostram que a ciência e a inovação feitas nas universidades brasileiras podem contribuir de forma direta para desafios globais, como as mudanças climáticas, além de reforçar a formação de qualidade recebida pelos estudantes”, destaca Michele A. Brandão.
Mais detalhes sobre o chatbot Macaozinho : https://www.routetobelem.com/macaozinho
Esta matéria teve como base a matéria da SBC Horizontes: https://horizontes.sbc.org.br/index.php/2025/11/macaozinho-um-chatbot-confiavel-que-vai-badalar-a-cop30/










