Centros de pesquisa driblam a crise para manter projetos inovadores em curso
Raul Mariano, rmariano@hojeemdia.com.br em 18/04/2016 para jornal Hoje em Dia
O cenário de crise econômica que atinge o Brasil tem impactado fortemente diversos setores da indústria e desestimulado investimentos em novas tecnologias. No entanto, o esforço dos pesquisadores mineiros para propor novas soluções para a indústria tem crescido a cada dia.
Dentro do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), pelo menos três centros de tecnologia (CTs) estão dedicados ao desenvolvimento de novos produtos que possam ser utilizados pelo mercado.
O CTNanotubos, especializado em ciência e engenharia de materiais,já desenvolve projetos encomendados por grandes empresas como a Petrobras.
De acordo com o professor Marcos Meira, coordenador do CT, o objetivo é trabalhar em escalas e custos menores, para que sejam feitos os testes nos produtos que, mais tarde, serão aplicados na indústria.
“Um exemplo é a tecnologia do cimento, que é usada sem progresso há cerca 200 anos em todo o mundo. Com a nanotecnologia você pode desenvolver um cimento que seja muito mais resistente do que o produto convencional”, explica.
Digital
Nas plataformas digitais também há projetos em desenvolvimento. É o caso do CTWeb, que utiliza dados gerados pelos usuários na internet para produzir informações relevantes que possam ajudar no desenvolvimento de um produto.
Um exemplo é o Observatório do Automóvel, desenvolvido com a empresa de tecnologia A3Data, que tem a Fiat como um dos clientes.
Na prática, o projeto coleta comentários, avaliações, cliques nas redes sociais e usa a inteligência analítica para gerar informações sobre o mercado automobilístico.
Apesar das dificuldades de encurtar o caminho entre as pesquisas e a aplicação prática, especialistas afirmam que há sinais de melhoria na relação entre pesquisadores e empresários.
“As empresas veem a universidade como um provedor de mão de obra, o que é legítimo. Mas ainda é distante ver a universidade como um provedor de tecnologia. Então, é preciso ter mecanismos formais e uma cultura de inovação tanto nas empresas quanto nas universidades, que precisam assumir esse papel. Acredito que estamos no meio de um processo que tem um caminho a ser percorrido”, destaca o coordenador do CTWeb, Wagner Meira.
(continua..)